sábado, 23 de junho de 2012

A VIDA DE WUNDT





Wilhelm Wundt* nasceu em 1832, na Alemanha. Passou seus primeiros anos em aldeias próximas a Mannheim. Ele teve uma infância marcada por uma intensa solidão. Obtinha notas ruins na escola e levou a vida de filho único; seu irmão mais velho estava no internato. Seu único amigo da mesma idade era um garoto mentalmente retardado que tinha boa natureza mas mal podia falar. O pai de Wundt era pastor e, embora ambos os pais pareçam ter sido sociáveis, as primeiras lembranças de Wundt a respeito do pai são desagradáveis. Ele se lembra de o pai tê-lo visitado um dia na escola e de ter-lhe batido no rosto por não prestar atenção no professor.

Num certo momento, a educação de Wundt esteve a cargo do assistente do seu pai, um jovem vigário por quem o menino desenvolvera uma forte afeição. Quando esse mentor foi transferido para uma cidade próxima, Wundt ficou tão deprimido que conseguiu permissão para ir viver com ele até os treze anos.

Havia uma forte tradição de erudição na família de Wundt, com ancestrais de renome intelectual em praticamente todas as disciplinas. Parecia, contudo, que essa impressionante linhagem não teria continuidade com o jovem Wundt. Ele passava a maior parte do tempo em devaneios, em vez de estudar, e foi reprovado no primeiro ano do Gymnasium. Não se dava bem com os colegas e era ridicularizado pelos professores.

Aos poucos, no entanto, Wundt aprendeu a controlar os sonhos diurnos e até chegou a alcançar relativa popularidade. Jamais gostou da escola, mas mesmo assim desenvolveu seus interesses e capacidades intelectuais. Quanto terminou o Liceu, aos dezenove anos, estava pronto para a universidade.

Para ganhar a vida e estudar ciências ao mesmo tempo, Wundt resolveu ser médico. Seus estudos de medicina o levaram à Universidade de Tübingen e à Universidade de Heidelberg, onde estudou anatomia, fisiologia, física, medicina e química. 

Depois de um semestre de estudos na Universidade de Berlin com o grande fisiologista Johannes Müller, Wundt retornou a Heidelberg para receber seu doutorado em 1855. Conseguiu o cargo de docente de fisiologia, cargo que ocupou de 1857 a 1864, e, em 1858, foi nomeado assistente de laboratório de Hermann von Helmholtz. Ele achou enfadonha a tarefa de instruir novos alunos quanto aos fundamentos do trabalho em laboratório, e se demitiu do cargo poucos anos depois. Em 1864, foi promovido a professor associado e permaneceu na Universidade de Heidelberg por mais dez anos.

Mas tarde Wilhelm Wundt fundou a ciência experimental da psicologia e estabeleceu seu primeiro laboratório na Universidade de Leipzig, Alemanha. Famoso, atraia para Leipzig um grande número de alunos desejosos de trabalhar com ele. 

As conferências de Wundt eram populares e muito frequentadas. Numa certa época, ele contava com mais de seiscentos alunos em classe. Ele estabeleceu o método de estudo da psicologia: a introspecção ou percepção interior seguindo condições experimentais estritas, obedecendo regras explícitas. Na época, um verdadeiro avanço rumo a construção da independência e identidade que hoje tem a psicologia moderna.



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Fonte: SCHULTZ & SCHULTZ. História da Psicologia Moderna. 8º edição. São Paulo: Cultrix, 1998.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O VOTO DA LIVRE E EXPONTÂNEA PRESSÃO


Política é algo dinâmico. Disso todos sabemos. Quem está em evidência hoje, poderá se encontrar no ostracismo amanhã. O oposto é verdadeiro também. Ter poder de voz num estado democrático direito todos têm, mas fala alto quem tem mandato. O Brasil pode até ter mudado após a Constituinte de 1988, mas os moldes de se fazer política guarda estreita relação com os jogos de poder que legaram e cristalizaram a imagem que o país sempre teve, a de desrespeito e aviltamento do voto popular.

Senão vejamos: tudo que mantém os ciclos dessa relação de poder e das estruturas viciadas faz questão de vencer o tempo. Eleições a cada dois anos despendendo um volume de gastos com o processo eleitoral enorme envolvendo o TRE e os Poderes Executivo e Legislativo, o que seria mais racional apenas num pleito só, definir os representantes tanto de lá quanto de cá, do vereador ao presidente da República. Isto reduziria gastos significantes com logística e a soma astronômica de mobilização de pessoal.

Mas o ponto que quero chegar é ainda mais crucial e responde a seguinte pergunta: por que estados e municípios não realizam uma cruzada de concursos para efetivar servidores? Tem movimentos "cunhados" de gestão de qualidade e capacitação técnica de pessoal para "um bom desempenho" no atendimento as demandas e ao público cidadão, mas concursos que atinjam pelo menos 80% de efetivos só existem no País das Maravilhas, àquele de Alice.

A premissa básica é seguinte: o servidor efetivo está imuzado contra determinadas moléstias, dessas que vemos em todo processo eleitoral no país inteiro (Ou para ser justo, em quase todo o país). Nesse dito momento esses deixam de ser pessoas para se tornar números. Há uma força mística que se forma em torno dos tais e os compele a votar em troca de um favor que os mantêm cada um em seus lugares, mesmo que o direcionamento dessa força "coercitiva", opere contra a vontade e individualidade do cidadão e da cidadã, objeto dessa situação.

Em síntese: Não existe exercício pleno de cidadania quando o voto é instrumento de coerção, quando a vontade individual é aviltada e autonomia é alienada. Quem é realmente livre para expressar sua vontade através do voto, o faz baseado naquilo que acredita ser o melhor caminho. Sua escolha, na maioria das vezes é baseada no programa de idéias e na trajetória, no desempenho de quem se propõe a ser candidato a determinado pleito.