sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O GOZO DE PODER E A PRATICIDADE DO ITAÚ


As operações financeiras do UNIBANCO e ITAÚ, são una, como todos já sabem, foram fundidos e aí, o maior conglomerado financeiro do Hemisfério Sul, combinando ativos de mais de R$ 575 bilhões, têm pretensões ousadas de entrar no cenário mundial com poder de fogo altamente competitivo, situando-se no 20º lugar no ranking.
A reflexão que desejo aprofundar não é exatamente sobre valores de mercado, até porque não sou da área. Quero falar apenas como mero espectador de cenas que marcaram o dia em que precisei ir a uma agência do Itaú, outrora Unibanco, no Centro de Campina Grande e - confesso sem nenhum exagero - que ali, naquele espaço ainda em reforma, estava um verdadeiro exército de velhinhos numa espécie de fila indiana sinuosa e monstruosa que tinha uma extensão para além dos limites da própria agência, os que estavam fora do banco disputavam espaço entre os camelôs e as transeuntes, um verdadeiro misto de gente sofrida e de semblante abatido, com a dura certeza de que, ao adentrar na agência, entre empurrões, iriam seguir a fila ao segundo andar para então descer e girar uma, duas, três vezes até, por fim, chegar ao fim do calvário, a boca do caixa.
E isso não é apenas no Itaú, acontece nas demais agências onde frequêntemente o direito é desrespeitado de forma aviltante. Mas, em particular nesse tal de Itaú, nunca obtive tão rico material para análise freudiana sobre o gozo de poder, essa incrível sensação que têm alguns que estão do outro lado do balcão. É fácil para esses "alguns" despachar o velhinho ou a pessoa desinformada dali mesmo. Sem dar a mínima para o tempo desperdiçado na fila da morte antecipada. Em João Pessoa, na agência da Jofesa Taveira, vi uma subgerente, com sua maquiagem que escondia sutilmente a anunciação da velhice dizer para um velhinho que, naquela agência, ela procedia assim mesmo e ponto final. Ela não falou como pessoa jurídica e sim como pessoa física. Juntando um fato com o outro pude perceber que os funcionários do Itaú, não todos é claro, não tiveram aquela importante sacada que deveriam todos tirarem de letra: a funcionalidade, a existência e sucesso de qualquer banco não se deve aos grandes correntistas e acionistas e demais investidores, não! Se deve a esse inesgotável fluxo de operações mínimas decorrentes dos salários, pensões e benefícios, a existência dos velhinhos que eles tanto massacram.
Para solucionar o problema das relações sociais conflitantes e minimizar o desgaste preservando a imagem do banco, eis que entram em cena consultores de São Paulo para oxigenar a atmosfera entre funcionários e funcionários/cliente. A alta gerência nunca acreditou que em nível local existam profissionais de Recursos Humanos gabaritados, inclusive para montar uma estratégia de atendimento eficaz e acabar de vez com esse empurra-empurra que vitimiza os velhinhos todo o final de mês. Não existindo quaisquer possibilidades de diferenciar o atendimento de forma ética e sem arrodeios o bando Itaú e demais nessa mesma situação acaba por incorrer em crimes dolosos contra o idoso, gestantes e portadores de necessidades especiais.
Jugo importante que o Poder Executivo Municipal ou Estadual antes de colocar a folha de pagamento na tutela de uma banco como o Itaú, que opera nessas condições, o faça também, sob a garantia por escrito, de que todos os clientes terão qualidade no atendimento nos dois níveis: operacional e humano. Quem sabe a assim o gozo de poder de "alguns", mesmo que fugaz e infanto-debiloide, se limite apenas ao âmbito mental, sem prejuízos de terceiros.

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