quarta-feira, 30 de novembro de 2011

VOCÊ TEM DIFERENCIAL COMPETITIVO?




Se você lida no mercado com qualquer produto ou serviço e nunca parou um pouquinho para refletir sobre qual é seu diferencial competitivo ou mesmo se você o tem, é hora de fazê-lo, afinal, graças ao diferencial competitivo determinado produto ou serviço se mantém num mercado cada vez mais exigente, gerando satisfação tanto para o cliente quanto para o vendedor.

Para ilustrar, vamos precisar lançar mão de uma parábola pós-moderna: A empresa, após analisar a viabilidade de implantação de um determinado projeto, autorizou uma sondagem nas principais empresas do ramo de soluções tecnológicas. A empresa "A", muito bem situada geograficamente, com uma prédio moderno, uma ótima recepcionista, recebeu-nos e, pediu para que aguardássemos um pouco. Depois de alguns minutos, veio uma mulher, que nos encaminhou à sala ao lado e, então, identificou-se como alguém que fazia a análise do projeto.

Depois de apresentarmos o teor do projeto e o que necessariamente queríamos, ela afirmou que daria a resposta posteriormente, pois estaria remetendo a um dos técnicos, que na ocasião, estaria em reunião com outros clientes.

Por outro lado, na empresa "B", tão logo fomos recepcionados pela moça bonita da mesa do telefone, imediatamente, os principais responsáveis pela empresa veio nos cumprimentar e nos encaminhou para uma sala ao lado. Eles, após se apresentarem formalmente, ofereceram-se para mostrar o portfólio da empresa, já adiantando no discurso sobre o leque de produtos e serviços que a empresa dispunha.

No desenrolar do projeto eles se mostraram bastante entusiasmados em estabelecer uma parceria, dando várias opiniões em como poderiam contribuir para tornar mais prático e abrangente, moderno e eficaz o protótipo que fariam, se caso, fosse estabelecida essa parceria. Isto é diferencial competitivo.

O mercado é uma selva de pedra, mas que tem diferencial competitivo consegue extrair leite da pedra. Você pode estar vendendo o mesmo produto que outras dez pessoas também. O que vai determinar o sucesso das vendas é o diferencial competitivo.

Sentindo-se injustiçado por trabalhar durante anos na empresa e ver seu colega ser promovido há menos de um ano, ele foi falar seriamente com o chefe. O chefe, experiente, percebeu qual seria o assunto só pelas feições do funcionário. "Antes que entremos no assunto que o trouxe aqui, preciso que você faça o orçamento desses itens da lista que irão compor o cardápio dos funcionários amanhã." Pois não, chefe. O funcionário saiu para cumprir essa tarefa. 30 minutos depois, chegou e apresentou ao chefe o preço do primeiro fornecedor que encontrou.
"Agora chefe, preciso lhe falar algo..." Mal terminou a frase, o chefe o interrompeu, pedindo-lhe para que ele aguardasse um pouquinho mais, logo lhe atenderia.

Nesse momento, ele chamou o funcionário que havia promovido recentemente e lhe pediu que fizesse a mesma tarefa. Passou a lista de itens para ele. 30 minutos depois, ele chegou. "Chefe, os itens formam pesquisados em cinco fornecedores, variando o preço entre 35% e 40%. Como não sabia se o senhor autorizaria a compra para hoje ou amanhã, deixei de sobreaviso o fornecedor, que além de oferecer 40% em grande quantidade ainda me ofereceu uma amostra para o senhor checar a qualidade dos produtos.

Nisso o funcionário parecia estar paralisado ouvindo e vendo toda aquela desenvoltura e perspicácia do colega. "O que você desejaria me falar mesmo?," perguntou o chefe. "Nada, apenas passei aqui para lhe desejar um bom dia!"


terça-feira, 15 de novembro de 2011

JOHN DEWEY: APRENDENDO PARA A VIDA




Na faculdade de psicologia da UEPB, tive o prazer de ter sido apresentado ao emérito professor Dewey, através de sua obra "Vida e Educação" (1965), traduzida para o português por outro ícone da reforma educacional, o professor Anísio Teixeira, um profundo estudioso da escola behaviorista.

Dewey formulou sua base teórica educacional defendendo o princípio de que vida e educação estão interligadas e, por essa razão, não deve haver nenhuma separação entre si. Vida, em condições integrais, e educação são o mesmo. Depois que os fins da educação não podem ser senão mais e melhor educação, no sentido de maior capacidade em compreender, projetar, experimentar e conferir os resultados do que façam. A educação torna-se, desse modo, uma "contínua reconstrução de experiências".

A educação, na visão de Dewey é o processo de reconstrução e reorganização da experiência, pelo qual lhe percebemos mais agudamente o sentido, e com isso nos habilitamos a melhor dirigir o curso de nossas experiências futuras. Logo, a educação é fenômeno direto da vida, tão inelutável quanto a própria vida.

Depois de estudar a questão da educação tácita, legada pelas experiências sensoriais básicas e a educação institucionaliza, cuja maior representante é a escola, tem-se a resolução do problema da aprendizagem, isso é, a forma como aprendemos, de onde se destaca o método. O método pressupõe a classificação e exposição dos processos e modos pelos quais as "matérias" ou quaisquer outros assuntos podem ser melhor apresentadas e impressas na mente de quem aprende.

Se o nosso interesse fundamental é pela vida, aprender significa adquirir um novo modo de agir, um novo "comportamento" (behavior) de nosso organismo. Na linguagem usual: "saber é poder", isso é uma máxima. Aprender para a vida significa que a pessoa não somente poderá agir, mas agirá do novo modo aprendido, assim que a ocasião que exija este saber apareça. Mas quais as condições por que se processa essa aprendizagem que se integra, assim, diretamente a vida?

Em primeiro lugar: 1) Só se aprende o que se pratica. Seja uma habilidade, seja uma idéia, seja um controle emocional, seja uma atitude ou uma apreciação, só as aprendemos se as praticarmos. A escola, mesmo com feições de modernidade está organizada para permitir que se pratiquem certas habilidades mecânicas e certas idéias, sem cogitar da prática de outros traços morais e emocionais desejáveis em uma personalidade. Como aprender, com efeito, honestidade, bondade, tolerância, no regime preordenados de lições marcadas para o dia seguinte? Como tratar da devastação da vida pelas drogas, como o craque que está logo alí na esquina, vitimizando nossos adolescentes e jovens? Só uma situação real de vida, em que se tenha de exercer determinado traço de caráter, pode levar à sua prática e, portanto, à sua aprendizagem.

Nesta mesma linha de pensamento: 2) não basta praticar. A intenção de quem vai aprender tem singular importância. Aprende-se através da reconstrução consciente da experiência, isto é, as experiências passadas afetam a experiência presente e a reconstroem para que todas venham influir no futuro. Assim, não posso adquirir um novo modo de agir, se não tenho a intenção de adquiri-lo. A psicologia ensina exatamente que não aprendemos todas as "respostas" que nosso organismo dá aos "estímulos" de qualquer situação. O organismo escolhe as "respostas" que satisfazem o seu esforço. Em cada caso particular, aprendo aquilo que constitui o fim de minha atividade no caso. Aprendo as respostas justas, corretas, bem sucedidas e deixo de aprender as respostas mal ajustadas, falhas, erradas. Vê-se que o sucesso e insucesso determina inteiramente a direção de minha aprendizagem. É a atitude, o propósito, a intenção de quem vai aprender que decide sobre o que vai ser aprendido.

Tudo isso implica no fato de que 3) aprende-se por associação. Não se aprende somente o que se tem em vista, mas as coisas que vem associadas com o objetivo mais claro da atividade educativa, importa em desprezar, por vezes, coisas mais importantes do que o próprio objeto de ensino. Enquanto ensinamos aritmética, podemos estar ensinando também uma atitude de desgosto pela matéria, que venha perdurar toda a vida. Tal fato subjetivo, por sua vez, guarda relação com outro ponto pertinente: 4) não se aprende nunca uma coisa só. À medida que aprendemos uma coisa, várias outras são simultaneamente aprendidas.

Geralmente, em qualquer experiência, enquanto a atenção se dirige para esse ou aquele fator, tomando dele consciência mais ou menos viva, segundo Kilpatrick, duas ou três diferentes aprendizagem estão sendo adquiridas, com respeito a cada fator: primeiro, uma atitude de gosto ou de desgosto; segundo, uma idéia do que é o fator e de como ele age; terceiro, um ideal de qual deveria ser o seu caráter e a sua ação. Essa atitude, essa idéia e esse ideal se constroem juntamente com o objetivo direto da atividade.

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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A DIFUSORA DE LAURA



No alto do Jeremias morava Chico Venâncio que era dono e locutor da difusora do bairro. Era o famoso Chico quem dava a notícia (recém trazida num bilhete por um moleque de cara suja e sem chinelo) da chegada de Maria, filha mais velha de Dona Neném e Seu Mané Isidro do Rio de Janeiro.

O estúdio de Chico funcionava na sala da casa, sempre de porta aberta para receber os bilhetes que não paravam de chegar, seja para dedicar músicas, seja para dizer quem estava partindo ou chegando, aniversário, falecimento, documentos perdidos, cachorro perdido e por ai em diante. Era possível ver apinhado no chão, ao lado de uma sanfona velha, uma seleção de discos de vinil dos sucessos mais pedido pelo povo do Jeremias, Araxá e até do Monte Santo.

Tinha disco de Núbia Lafaiete, Nelson Gonçalves, Vicente Celestino, Altemar Dutra, Roberto Carlos, Teixeirinha (bastante utilizado em campanhas para arrecadação de donativos caso morresse alguém cuja família não dispunha de recursos para arcar com o caixão e o enterro. Aliás, uma das faixas que mais se utilizava nessas ocasiões era aquela que dizia assim: 

"O maior golpe do mundo que vivi na minha vida / foi quando aos nove anos perdi minha mãe querida/morreu queimada no fogo, morte triste, dolorida (...)" 

Imagine um som desse, propagado pelas duas cornetas do alto do bairro, uma melodia bizarra, um acorde tétrico. 

Ufa! Fardo pesado para as crianças do bairro! Mas logo vinha as músicas mais alegres e assim a vida ia passado devagar ao som nostálgico da difusora de Chico.


"(...) Desculpe, meu amor, o que eu lhe digo /
Mas meu bem, não é comigo /
Que você deve lamentar /
Você nunca foi um bom marido /
Não cumprindo o prometido /
Que jurou aos pés do altar /
É triste confessar, mas é preciso /
Você não teve juízo /
Em dizer que não me quis /
Perdoa, meu amor, não sou fingida /
Não é só casa e comida /
Que faz a mulher feliz"[1]

Certo dia, para a surpresa de todos, a notícia de falecimento foi, imaginem vocês: a do próprio Chico! O bairro do Jeremias acolheu essa nota com muita consternação, tratava-se de alguém que gozava da simpatia de todos.

A viúva Laura, que também já se fazia ouvir com sua voz melodiosa assumiu o lugar do finado Chico, passando a desempenhar até melhor que este, a função social da difusora. Agora que estava no comando passou a assinar como "Laura de Chico Venâncio!"

Campanhas beneficentes importantes como as que ajudaram na compra de caixões tiveram como beneficiários pós-mortes, o cidadão de alcunha "Rato Molhado" e o outro favorecido foi o popular "Marcolino Pé de Quenga.

Rato Molhado, teve seu nome divulgado na difusora de Laura de Chico Venâncio pela primeira e última vez apenas no ocasião de sua morte. Era um espectro de homem, que não vazia mal a ninguém senão a si próprio. 

Talvez tenha passado a ser chamado assim porque mesmo debaixo daquelas chuvas fortes de inverso, sem ninguém nas ruas, lá estava aquela figura bêbada, caindo na lama dos córregos e tentando se levantar rumo a sua casa, um casebre desses que um homem mediano tem que se curvar para entrar.

Marcolino era um mecânico velho que nasceu com uma deformidade nos pés que o forçava a andar com certa dificuldade. Coisa que somente piorava quando ele saia da mercearia de Seu Gilberto caindo aqui e acolá, pelas ruas íngremes do Jeremias, bêbado e dizendo impropérios ao ajuntamento de moleques que saiam correndo e gritando: "Marcolino Pé de Quenga! Marcolino Pé de Quenga!

O tempo foi passando e as duas cornetas da difusora deixaram de reinar sozinhas naquele poste no alto do bairro. É que os crentes abriram uma igreja da Assembléia de Deus, na Rua São Cosme e puseram no alto da Igreja que já que se situava no alto do bairro, duas cornetas de modo que não era mais possível ouvir apenas a difusora de Laura, já que principalmente nos domingos, os crentes não economizavam vozes, crente chorava, cantava, dizia aquelas palavras que só crente diz e Laura ficava fumegando de raiva dessa concorrência de espaço fonográfico!

Autor: João B Nunes
Formado em Psicologia; Graduando em Direito e Pós-Graduando em Gestão de Projetos Sociais e Terceiro Setor.

[1] Canção de Núbia Lafayette (1972)
Compositores: Cesar Augusto Saud Abdala / Carlos Roberto Piazzoli / Durval Lima