As pessoas são definidas como indivíduos que possuem status, isto significa, entre outras coisas, indivíduos capazes de manterem um determinado nível de de tensão.
Poderíamos frisar que a pessoa será tanto mais eficiente quanto maior for o grau de tensão que puder suportar com exito. Assim, em nosso mundo moderno, os mais competentes, os mais capazes, são os que se acomodam com melhor exito ás tensões resultantes da moderna vida social. As pessoas vitoriosas são as que obtêm, afinal, na sua personalidade, integração adequada dos elementos em conflito, tão característicos das sociedades urbanas modernas. Quanto mais numerosos forem os papéis que elas puderem desempenhar ao mesmo tempo, quanto mais numerosos os status que forem capazes de manter simultaneamente, tanto mais altamente desenvolvidas e organizadas serão suas personalidades.
Embora possa resultar na desorganização da personalidade, se levado muito longe, o conflito entre grupos contribui para a eficiência pessoal. Quanto mais intenso for o conflito entre os grupos a que um indivíduo pertence, tanto maior tenderá a ser seu desenvolvimento, desde que. é claro, uma solução vitoriosa seja obtida, em cada caso.
A ascensão do negro nos Estados Unidos, por exemplo, tem talvez sido mais rápida e mais extensa que a do negro no Brasil. Esta diferença deve-se. em não pequena parte, às reações normais do negro norte-americano a uma situação de preconceito racial. O sentimento de inferioridade que o negro (especialmente o mulato claro) tem sofrido nos Estados Unidos, estimulou enormemente sua ambição, forçando-o a mostrar aos brancos puros a sua competência pessoal, a educar-se e a educar seus filhos, a tornar-se mais eficiente, a acumular propriedades, e a avançar, por estes e outros meios, na escala social.
A este respeito, dever-se frisar que é o conflito que desenvolve a mente. Alias, o próprio pensamento surge no conflito. Por outras palavras: só pensamos quando temos de enfrentar algum problema, quando existe em nosso espírito um conflito pesando as diversas possibilidades e decidindo-se por uma delas.
Isto explica em parte considerável a chamada inteligência dos povos civilizados, em comparação com o retardamento mental de povos isolados. Quando há ausência de mudança social e, consequentemente, não existem problemas novos a resolver, não há necessidade de pensar, refletir, tomar decisões. Quando todas as exigências da vida podem ser satisfeitas pelo comportamento costumeiro; quando todos os problemas que surgem em sua experiência podem ser facilmente resolvidos por meio do emprego de certo costume que seu povo desenvolveu há muito tempo, em face do mesmo problema, não há necessidade de pesar as alternativas e de tomar decisões, isto é, de pensar.
Na sociedade civilizada, ao contrário, onde devido à rápida mudança social estamos constantemente enfrentando problemas agudos, novos tanto para nossos pais como para nós, e para os quais não existe solução costumeira, somos forçados, ou melhor, desafiados a pensar e, assim, a desenvolver nossos espíritos.
Portanto, o conflito entre tendências de gir, quando resolvido, resulta em desenvolvimento mental. E a falta de conflito entre as tendências resulta numa estagnação deste desenvolvimento. Talvez seja por essa razão que essa geração, conhecida como geração Y tenderá a ser mais desenvolvida mentalmente porque se depararão com problemas complexos, a maior parte ligados ao mundo virtual, dos quais nossos pais e nós - boa parte - não teríamos ideia das maneiras de solucioná-los. A tendência é que mentes assim tenham maior capacidade e rapidez de processamento dos inesgotáveis estímulos de nosso dia-a-dia na pós-modernidade.
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