terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A CONQUISTA DO PROMORAR

No tempo em que o prefeito de Campina era Enivaldo Ribeiro foi que se deu a invasão do Promorar. Um conjunto que foi construido entre o bairro do Jeremias e o Araxá. As casas novinhas em folha. As portas pintadas umas de verde, outras de cinza, telhados e madeiramento tinino de novo, estavam lá, no alto, esperando o momento em que a pobreza em multidão se mobilizasse e se apropriasse de vez cada um de uma casa.

Chamar a polícia para quê? Para repelir trabalhadores com suas familias? Dona Pretinha com uma penca de filhos, o menorzinho catarrento em seus braços! Nada disso! Lá vem o representante do bairro, o senhor Ivan Cabral, andando sempre com sua pasta de plástico debaixo do braço, com uns papeis estranhos dentro, atraindo para si centenas de olhares indagadores, famintos por respostas, afinal, sabiam que estavam alí na iminência de saírem da mesma forma que ousaram entrar.

Noite à dentro, sem energia elétrica, sem água ligada, um murmúrio de pessoas andando em todas as direções, sem muros delimitadores, gente de todo tipo carregando suas bugigangas. Era couchão velho, trouxas de roupas, panelas e pratos, tudo misturados dentro de caixa de papelão. Ninguém conseguia dormir naquelas condições. A verdade é que o clima de incerteza, somado a rumores que corriam entre o povo de que a polícia iria despejar a todos pela manhã tornavam a situação angustiante.

- Ouçam todos, por favor! Bradou Ivan Cabral diante dos ânimos exaltados.
- Já falei com o prefeito e o secretário Fulano de Tal e eles me disseram que ninguém saisse de sua casa, ninguém será despejado!

Nesse momento a gritaria tomou conta daquele lugar e o povo começou a se sentir mais à vontade para cuidar de suas novas propriedades.

Seu José, que vendeu a casa para Dona Socorro, que comprou a chave de seu José com o dinheiro da venda de uma porca, a "Ritinha Rônqui-rônqui", logo se arrependeu de tê-la vendido. Com a mala à mão, pôs-se a dizer que não queria mais aquele dinheiro e que a venda estava desfeita. Dona Socorro, que não engolia desaforo calada disse que fez o negócio foi com um homem não com um cachorro! O negócia estava mantido e pronto!

Seu Genário, que também se apossou da casa logo em frente também confirmou que o negócio tava feito e ponto final!

E assim, os dias passaram. Nas madrugadas frias, lá para as quatro da manhã, a fila de gente com lata na mão se formava para pegar água na casa de Seu Alaim, perto do Posto de Saúde. O único que se dignava a acudir aquela gente sofrida num momento tão difícil! A CAGEPA instalou água nas casas, depois a CELB, luz e assim a cidadania foi se aproximando mais daquela gente. Essa é a história da conquista do Promorar.

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