Imagine duas situações: Um cego de nascença e outro que perdeu a visão acidentalmente em algum momento de sua vida. Poderíamos supor que são condições iguais do ponto de vista da cegueira, afinal, se são ou estão cegos estão privados de ver o mundo que os rodeia. Certo? Não, necessariamente. Eu explico. O fator que os torna longitudinalmente diferentes é a existência de uma consciência visual, presente naquele que perdeu a visão e ausente completamente, naquele que já nasceu cego.
A consciência visual emerge das intimidades somáticas. São, no dizer de Piaget, esquemas conceptuais, imagens que o cérebro vai, com o desenvolvimento, somando umas as outras, tornando, na ótica de Pavilov, os estímulos simples em algo mais complexo e assim, munindo nosso cérebro para as mais diversas interpretações dos fenômenos visuais do mundo exterior. As neurociências mostram a possibilidade de nosso cérebro está tão cristalizado com o acumulo dos estímulos visuais que nos tornamos tendentes a ver, geralmente, por indução, aquilo que geralmente não é, pelo menos, em sua completude. É exatamente aqui, que entra um dos campos de estudo da psicologia moderna chamada Escola Gestaltista, ou simplesmente, a Gestalt.
Os expoentes máximos da Gestal são: Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kôhler (1887-1967), Kurt Koffka (1886- 1.941) e Kurt Goldstein (1.878-1.965). A Psicologia da gestalt afirma que as partes nunca podem proporcionar uma real compreensão do todo. O todo é diferente da soma das partes. Ou trocando em miúdos, o que vemos é a soma total das partes que se juntam para formar o todo.
Entretanto, por causa de nossa consciência visual é que, muitas vezes nossos estimulados diante de uma imagem, paisagem ou figura qualquer, muito embora incompletos em suas partes constituintes, se nos apresenta como um todo, mesmo que só existam partes incompletas. O que acontece é que nosso cérebro se encarrega de "completar" mediante o que já dispõem em seus "arquivos" mentais.
O mundo da publicidade já sabe disso. E o efeito está nas propagandas autosugestivas, que levam as mentes sugestionadas a "completar" o intento do que é publicizado. Os políticos também, não apenas descobriram como a utilizam como um instrumento supraimportante para levar as massas a agir e a reagir os estímulos muito bem direcionados.
Quero finalizar dizendo que, graças a nossa consciência visual, muitas vezes podemos estar vendo aquilo que realmente não é, em sua completude, no real. Mas, não leve muito a sério toda essa explanação, se porventura você abrir a porta de seu guarda roupa e vir um homem apenas de sunga, escondido entre os vestidos de sua esposa. Neste caso, não há dúvidas, nem falha da consciência visual!
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