quinta-feira, 28 de novembro de 2019

PARA ONDE VAI A TV?



O maior meio de comunicação de massa capaz de influenciar gerações, ditar modas, criar costumes, incutir ideias, gerar condicionamentos de consumos é [ou pelo menos era] a TV. Os Estados Unidos nunca mais foram os mesmos depois da exibição da primeira programação de TV em 1º de junho de 1941. Um primor do engenho humano, algo a primeira vista mágico, fascinante. 

Na TV vê-se de tudo! A rádio novela que fazia as mocinhas chorar a cada final de capítulo, a sonhar com o galã, o príncipe, desapareceu para dar lugar as telenovelas, em preto e branco, mas mesmo assim, encantador, de prender o fôlego diante da personagem algoz que sem o mínimo de escrúpulos fazia a estrela da novela sofrer até o fim. E, novela mesmo era a febre dos autores que eternizavam as cenas de mortes que se repetiam sem se saber que era o criminoso até o dia último quando todos na sala se juntavam para assistir e descobrir em meio a tanto suspense. 

Depois essas taras carentes de inovação foi perdendo lugar para novos tramas. A família pobre era sempre a temática com suas mazelas. Depois a questão da violência, da criminalidade, das drogas, da prostituição, foram sendo incrementadas nas tramas. 

Temáticas como doenças específicas bradavam por espaços inclusivos na sociedade, e isso atraia o grande público pelas cenas tão bem estudadas. 

Os tempos da ditadura militar, com os censores em cada stúdio iam cerceando aqui e ali um ato que não podia ser gravado. Depois, com a reabertura democrática, e avanço neoliberal no Brasil, o colorido das telinhas se fez acompanhar de outras atrações. Incrivelmente NENHUMA DELAS criadas originalmente da raiz cultural brasileira sem que pelo menos um ato ou cena não tenha sido inspirado ou mesmo copiado do que fazia sucesso nas TVs americanas. 

O brasileiro (principalmente a classe artística) tem uma propensão para copiar o que há lá fora e trazer para dentro da tela nacional a atração com toda a pompa de ineditismo. Parece que colocar a cuca para pensar, criar a arte do nada, mas, originalmente daqui da terrinha é algo que beira as raias do impossível. 

O dual telejornal e telenovela foi se mesclando com filmes e principalmente desenhos. A arma da publicidade nacional era conquistar todos os públicos de forma plena. Da criança ao idoso, dos gêneros melodrama ao terror, era isso que preenchia as mentes quando ninguém jamais poderia imaginar que estaríamos vivos em pleno século XXI, porque o Exterminador do Futuro, tinha numa das falas que o mundo havia acabado em 1997. Ufa! Graças a Deus eles estavam errados como a maioria dos filmes de ficção não conseguia pensar um mundo além das fronteiras do ano 2000. 

Quem poderia atinar, mesmo que à sua maneira, naquela época (uns 30 anos atrás) estaríamos hoje utilizando trocas de informações instantâneas, vídeos, imagens, sons, dados bancários, chavecos, cutucadas, curtidas, bloqueios, lives, stores, tudo isso através de um recursos virtual chamado de internet? E o que dizer das possibilidades dos smartphones que aposentou definitivamente o celular?

Sem dúvida, a TV tinha que sair desse ciclo eterno a que estava resumida a grade de programação e abrir espaços para novas atrações. Vamos inovar, criar do zero absoluto algo que crie impacto e mostra para os gringos nossa potencia artística e alto grau de originalidade? 

Nada!!! É mais fácil copiar. De que fonte? Dos gringos, pelos mesmos caminhos tomados de quando a TV era TUPY.

Então, inundou-se a grade de programação da TV brasileira, em praticamente todos os canais (exceto os canais religiosos, por razões óbvias), de temáticas que priorizam a erotizam e identidade multifacetada da sexualidade, enaltecendo a troca de papéis sexuais como que numa necessidade mais que vital de hastear a bandeira dessa ou daquela preferência sexual, fazendo com que o público mais conservador (a expressiva maioria) engolisse de goela abaixo todo o conteúdo que pouco ou nenhum interesse teriam se não fosse exposto sem pedir licença aos lares brasileiros.

Então, a tela se encheu de atrações em todos os meios artísticos mostrando Caetano Veloso beijando a boca de outro homem, Daniela Mercury fazendo declarações amorosas para sua 'esposa' com quem manter 'um casamento' oficial. O público gay trazendo sua mensagem de protesto por essa ou por aquela razão, geralmente ligada à não-discriminação etc.

Fora essas atrações, os telejornais parecem que fizeram um pacto de padronização mudando apenas os apresentadores, mas o layout permanece fiel, com poucas diferenças. Todos eles se dizem comprometido com o jornalismo sério e imparcial. 

Novelas, com cenas picantes, ou que pelo processo de absorção de conteúdos pela repetição deixaram de ser, tornando-se natural cenas de beijos e carícias gays, descobertas de tendências sexuais, "outrora sufocadas pela hipocrisia da sociedade machista" - Dizem eles. 

E, como não poderia deixar de mencionar: os taks shows, tão idênticos até no formato das canecas! A mesma dinâmica, textura, enrolation de sempre. Os programas de auditórios do domingo com inovações que se reprisam e se repetem, numa eterna falta de criatividade. Uma exploração de situações sociais vulneráveis, com enfase no nordestino, no cantor mirim pobre, na família que mora debaixo da ponte, no quadro acorda um artista que finge que não sabe que vai ser acordado. Numa mulher sofrida da periferia que sofre com a feira do rosto e falta de dentes. Pronto! Foi-se a tarde de domingo, aliás, o domingo inteiro! 

Acho que os diretores de tais programações acreditam piamente que o povo brasileiro não percebeu ainda a completa ausência de criatividade, e por isso, consumem recursos e mais recursos produzindo os mesmos conteúdos idiotizantes, sempre se remetendo a quadros que fizeram sucesso no passado, mas que já estão desgastados. 

Os reality shows é algo que se atinge uma performance de saturação simplória, brigas, agarras, machões tatuados perdidos em sua própria identidade sexual, mulheronas turbinadas de silicones sem conteúdo algum, rodas de conversas fétidas, impregnadas de traições e malignidades que nada têm a ensinar a essa nova geração, como aquela propagando do cigarro Malboro que os EUA diziam que deixava o fumante charmoso e irresistível, quando estava propagando o câncer geral na nação. 

Tudo isso se resume numa só palavra: saturação. Meu querido apresentador!!! Coloque a cabecinha para pensar um pouco! Una-se a uma equipe de visionários, pessoas inteligentes, criativas e potencialize sinergias com foco na mudança de paradigmas, porque o reuso dos velhos quadros já não consegue mais acompanhar a evolução das mentes dos telespectadores brasileiros. Como diria o saudoso Chacrinha, no auge do seu sucesso: a cabeça do brasileiro não é penico!


João Batista Nunes
joaobnunespb@hotmail.com

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