domingo, 10 de novembro de 2019

CONEXÕES


A vida se desenvolve entre o público e o privado dentro de uma trama social. De acordo com o dicionário Aurélio (2015), “trama” é ‘um conjunto de fios passados no sentido transversal do tear, entre os fios da urdidura.’

Partindo desse mote, a sociologia passou a falar de trama social, entrelaçamento de vivências que formam o “tecido social”. Esse tecido social é construído de conexões, ou seja, redes sociais que criamos o tempo todo (antes, muito antes, de se popularizar as ‘redes sociais’ da internet).

Do ponto de vista da psicologia, desse fenômeno social surge a homofilia, a tendência consciente ou inconsciente que cada um de nós temos, de buscar nos associar a pessoas que se, em variados graus, parecessem com a gente.

A palavra literalmente significa “amar os iguais”, o que Nicholas A. Christakis & James H. Fowler (In: O poder das Conexões, editora Campos Elservier, 2009) utiliza para demonstrar a importância do networking e como ele molda nossas vidas, indicando as implicações de escolhas, interesses e preferências compartilhadas com aquelas pessoas que escolhemos para manter nosso networking (rede de contatos).

Um exemplo clássico do que seria praticamente inviável é um torcedor frenético do Flamengo ou Coríntias querer se associar “por afinidade” a um jogador de pôquer.

Os níveis variados de contatos que temos com nossa rede social podem nos revelar que tipo de pessoa somos e quão diferentes podemos ser em relação aos demais. E aí estão as redes sociais virtuais proporcionadas pelas mídias sociais, cujos conteúdos interativos como manifestações de satisfação, desgosto, indignação etc. acabam por revelar muito do que somos, mesmo que essa não seja a intensão, obviamente.

Um ponto importante destacado por Christakis & Fowler (2009) é que podemos ser moldado pelas redes sociais, ou seja, que podemos ser afetados pela rede. Somos tão vulneráveis que os amigos dos amigos dos nossos amigos podem nos afetar na rede social. Ou reproduzimos os mesmos conteúdos de forma quase automática ou rechaçamos, mas que somos afetados, isso sim, somos.

Isto implica em dizermos que a mera forma da rede em nós não é o mais importante, naturalmente. Mas sim, o que de fato flui ao longo dessas conexões.

Em relação às redes sociais podemos ser afetados de tal forma que nos achamos enredados defendendo uma “verdade” cujo conteúdo e contexto não temos a menor ideia e fazer juízos de valor cujos fundamentos nos faltam.

Esses fatores irão contribuir apenas para nos lembrar do lado humano com suas falibilidades tão marcantes e que mesmo assim, não podemos abrir mão de nossas conexões, buscando avaliar a cada gesto em que grau estamos ou não sendo influenciados, e sobretudo, quão proveitoso e edificante poderá ser-nos uma rede de conexões mediada pela ética, fortalecimento de amizades, identificação de oportunidades de negócios, descobertas de talentos e tantas outras possibilidades, igualmente salutares.

João B Nunes   
joaobnunespb@hotmail.com

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