A um glorifica, a outro cobre de infâmia.
A Etéocles - dizem - determinou dar, baseado na lei, sepultura
digna de quem desce ao mundo dos mortos.
Mas quanto ao pobre Polinices, infaustamente morto,
ordenou aos cidadãos, comenta-se,
que ninguém o guardasse em cova nem o pranteasse,
abandonado sem lágrimas, sem exéquias [...]"
(Antigona de Sófocles, tradução de Donald Schüler, 2010)
Édipo, rei de Tebas, era casado com Jocasta, irmã de Cleonte. Após o trágico desfecho que resultou na morte de Édipo, o trono entrou num processo de acirrada disputa dos irmãos Etéocles e Polinices, filhos do casal.
Depois de muita discussão, chegaram a um acordo: o trono seria administrado a cada ano por um dos irmãos e assim, iriam revesando anualmente. Ocorreu que o primeiro a assumir o trono, Etéocles, recusou-se a ceder a vez de seu irmão Polinices reinar sobre Tebas.
Profundamente desgostoso, o ofendido partiu para Argos, cidade rival de Tebas e lá angariou o apoio do rei para reunir um exército com o qual tomaria o trono de seu irmão.
A guerra foi travada. Sete chefes tebanos concentraram forças para resistir o exército de Argos liderado por Polinices. Soldados de ambas as forças tombados por todos os lados, a batalha intensa avançava para o foco central que a originou. Os irmãos enfim se encontraram nos lados opostos daquela sanguenta luta. Enfrentaram-se golpe a golpe numa luta cruenta. Um, com ardente desejo de reparação de uma afronta; outro, movido pela ânsia de defender a cidade, sobretudo, do avanço de um irmão ofendido.
Aquela luta entre irmãos chegou ao fim. Feridos mortalmente pelos ataques recíprocos e profundos, Etéocles e Polinices não resistem e morrem e Tebas volta a ser administrada pelo tio Cleonte.
Etéocles morreu como um herói defendendo bravamente a cidade; Polinices, recebeu em sua morte, total desprezo, sendo estabelecido que o primeiro deveria ter um funeral digno de todas as honras e quanto ao segundo, não deveria sequer ser enterrado. O corpo deveria permanecer exposto publicamente ao desprezo.
Ismena e Antigona , filhas de Édipo e também irmãs de Etéocles e Polinices, que haviam retornado à cidade, obviamente sofreram muito com aquele quadro terrível de disputa, uma espécie de extensão de maldição do pai. Mas Antigona demonstrou ainda maior sofrimento e sensibilidade diante da ordem de Cleonte em relação à Polinices.
Embora diante da lei imposta, e de guardas que foram postos para fazer cumprir a lei e não permitir que sequer alguém ousasse se aproximar do corpo desprezado de Polinices, Antigona, vai e recolhe o corpo e prepara-o para o funeral.
Antigona infringe o decreto de Cleonte por entender que existe uma lei divina, universal que transcende o poder soberano, pois existe uma lei mais antiga, natural, que diz respeito a um mínimo de dignidade devida a cada ser humano, independentemente da culpa. A valores universais que não se submetem aos caprichos de um déspotas, nem normas estabelecidas por isso, Antigona vai e prepara a cerimônia fúnebre de seu irmão Polinices.
João Batista Nunes
Psicólogo e Acadêmico do Curso de Direito
Depois de muita discussão, chegaram a um acordo: o trono seria administrado a cada ano por um dos irmãos e assim, iriam revesando anualmente. Ocorreu que o primeiro a assumir o trono, Etéocles, recusou-se a ceder a vez de seu irmão Polinices reinar sobre Tebas.
Profundamente desgostoso, o ofendido partiu para Argos, cidade rival de Tebas e lá angariou o apoio do rei para reunir um exército com o qual tomaria o trono de seu irmão.
A guerra foi travada. Sete chefes tebanos concentraram forças para resistir o exército de Argos liderado por Polinices. Soldados de ambas as forças tombados por todos os lados, a batalha intensa avançava para o foco central que a originou. Os irmãos enfim se encontraram nos lados opostos daquela sanguenta luta. Enfrentaram-se golpe a golpe numa luta cruenta. Um, com ardente desejo de reparação de uma afronta; outro, movido pela ânsia de defender a cidade, sobretudo, do avanço de um irmão ofendido.
Aquela luta entre irmãos chegou ao fim. Feridos mortalmente pelos ataques recíprocos e profundos, Etéocles e Polinices não resistem e morrem e Tebas volta a ser administrada pelo tio Cleonte.
Etéocles morreu como um herói defendendo bravamente a cidade; Polinices, recebeu em sua morte, total desprezo, sendo estabelecido que o primeiro deveria ter um funeral digno de todas as honras e quanto ao segundo, não deveria sequer ser enterrado. O corpo deveria permanecer exposto publicamente ao desprezo.
Ismena e Antigona , filhas de Édipo e também irmãs de Etéocles e Polinices, que haviam retornado à cidade, obviamente sofreram muito com aquele quadro terrível de disputa, uma espécie de extensão de maldição do pai. Mas Antigona demonstrou ainda maior sofrimento e sensibilidade diante da ordem de Cleonte em relação à Polinices.
Embora diante da lei imposta, e de guardas que foram postos para fazer cumprir a lei e não permitir que sequer alguém ousasse se aproximar do corpo desprezado de Polinices, Antigona, vai e recolhe o corpo e prepara-o para o funeral.
Antigona infringe o decreto de Cleonte por entender que existe uma lei divina, universal que transcende o poder soberano, pois existe uma lei mais antiga, natural, que diz respeito a um mínimo de dignidade devida a cada ser humano, independentemente da culpa. A valores universais que não se submetem aos caprichos de um déspotas, nem normas estabelecidas por isso, Antigona vai e prepara a cerimônia fúnebre de seu irmão Polinices.
João Batista Nunes
Psicólogo e Acadêmico do Curso de Direito
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