Falar em público não é fácil. Há pessoas que falam para públicos variados de forma envolvente e descomplicado, levando-nos quase sempre a pensar que toda aquela desenvoltura é um dom. Mas não é. Tal pessoa percorreu um longo e metódico caminho para atingir determinado grau de satisfação.
O primeiro grande obstáculo no caminho de quem quer ou precisa inevitavelmente falar em público é o medo. Se servir de estímulo, todos os que enfrentam auditórios repletos de olhares esperando ouvir algo concreto da pessoa, têm medo. Anormal seria se não sentisse aquele friozinho na barriga diante de certos desafios como o de falar para tantos espectadores.
Mas, sem dúvida alguma, falar ao público é uma, sobretudo, uma arte. E por isso precisa ser desenvolvida, aperfeiçoada tendo sempre em mente que não podemos nos deixar se pegos pelo improviso.
Houve tempo em que falar em público utilizando-se de todos os recursos da boa oratória para atingir determinado fim era fator de grande importância. E isso nos remete às origens greco-romana.
A arte da oratória, fundamentada em princípios disciplinadores de conduta, teve origem na Sicília, no século V a.C., através do siracusano Corax e seu discípulo Tísias. De acordo com o emérito professor Reinado Polito (1995) existia uma anedota sobre o aprendizado de Tísias. Quando Corax lhe cobrou as aulas ministradas, Tísias recusou-se a pagar, alegando que, se fora bem instruído pelo mestre, estava apto a convencê-lo de não cobrar, e, se este não ficasse convencido, era porque o discípulo ainda não estava devidamente preparado, fato que o desobrigava de qualquer pagamento.
Eles publicaram um tratado, ou technê, que não chegou aos nossos dias, mas sobre o qual vários autores se referiram. O próprio Aristóteles atribuiu-lhes o mérito de iniciar a retórica.
Corax escreveu esta obra para orientar os advogados que se propunham a defender as causas das pessoas que desejavam reaver seus bens e propriedades tomados pelos tiranos. Era um tratado prático, cujos ensinamentos se restringiam à aplicação nos tribunais. Segundo Corax, o discurso deveria ser dividido em cindo partes: o exórdio, a narração, a argumentação, a digressão e o epílogo.
Mas, foi em Atenas que a arte oratória encontrou campo fértil para o seu desenvolvimento. Os sofistas foram os primeiros a dominar com facilidade a palavra; entre os objetivos que possuíam visando a uma completa formação, três eram procurados com maior intensidade: adestrarem-se para julgar, falar, agir. Os sofistas desenvolviam seu aprendizado na arte de falar, praticando leituras em público, fazendo comentários sobre os poetas, treinando improvisações e promovendo debates públicos.
Górgias, importante retor grego, transmitiu seus conhecimentos a muitos oradores, e um de seus discípulos, Isócrates, que viveu de 436 a 338 a. C., implantou a disciplina da retórica no currículo escolar dos estudantes atenienses. Isócrates ampliou o campo de estudo da oratória, não se limitando apenas à retórica, pois associou a ela boa parte da filosofia socrática, assimilada na época em que foi discípulo de Sócrates.
Com todo esse método que a História lhe creditou, Isócrates apresenta uma interessante singularidade: nunca proferiu um só discurso, apenas estudou sua técnica e os escreveu. Isto porque sua voz era deficiente para a oratória e alimentava pavor incontrolado pela tribuna.
Nesta mesma época, século IV a.C., encontramos outro estudioso da retórica, Anaxímenes de Lâmpsaco, que apresentou grandes contribuições para a compreensão desta arte, principalmente quanto a sua divisão. Suas observações levaram-no a classificar a retórica em três gêneros: demonstrativo e judiciário. Esta classificação foi aproveitada e estruturada objetivamente por Aristóteles.
QUESTÕES PRÁTICAS
Para começar, pratique a leitura buscando familiarizar-se melhor com sua voz. Pratique a entonação correta, a impostação, o controle da respiração durante a leitura.
Pratique ensaios no espelho buscando corrigir erros na gesticulação. Utilize as divisões básicas do discurso. Em apresentações pré-agendadas, treine todos os passos. Familiarize-se com o local, com os recursos eletrônicos disponíveis, incluindo o manuseio correto e sua funcionalidade.
João Batista Nunes
Psicólogo Organizacional
Acadêmico do Curso de Direito
Eles publicaram um tratado, ou technê, que não chegou aos nossos dias, mas sobre o qual vários autores se referiram. O próprio Aristóteles atribuiu-lhes o mérito de iniciar a retórica.
Corax escreveu esta obra para orientar os advogados que se propunham a defender as causas das pessoas que desejavam reaver seus bens e propriedades tomados pelos tiranos. Era um tratado prático, cujos ensinamentos se restringiam à aplicação nos tribunais. Segundo Corax, o discurso deveria ser dividido em cindo partes: o exórdio, a narração, a argumentação, a digressão e o epílogo.
Mas, foi em Atenas que a arte oratória encontrou campo fértil para o seu desenvolvimento. Os sofistas foram os primeiros a dominar com facilidade a palavra; entre os objetivos que possuíam visando a uma completa formação, três eram procurados com maior intensidade: adestrarem-se para julgar, falar, agir. Os sofistas desenvolviam seu aprendizado na arte de falar, praticando leituras em público, fazendo comentários sobre os poetas, treinando improvisações e promovendo debates públicos.
Górgias, importante retor grego, transmitiu seus conhecimentos a muitos oradores, e um de seus discípulos, Isócrates, que viveu de 436 a 338 a. C., implantou a disciplina da retórica no currículo escolar dos estudantes atenienses. Isócrates ampliou o campo de estudo da oratória, não se limitando apenas à retórica, pois associou a ela boa parte da filosofia socrática, assimilada na época em que foi discípulo de Sócrates.
Com todo esse método que a História lhe creditou, Isócrates apresenta uma interessante singularidade: nunca proferiu um só discurso, apenas estudou sua técnica e os escreveu. Isto porque sua voz era deficiente para a oratória e alimentava pavor incontrolado pela tribuna.
Nesta mesma época, século IV a.C., encontramos outro estudioso da retórica, Anaxímenes de Lâmpsaco, que apresentou grandes contribuições para a compreensão desta arte, principalmente quanto a sua divisão. Suas observações levaram-no a classificar a retórica em três gêneros: demonstrativo e judiciário. Esta classificação foi aproveitada e estruturada objetivamente por Aristóteles.
QUESTÕES PRÁTICAS
Para começar, pratique a leitura buscando familiarizar-se melhor com sua voz. Pratique a entonação correta, a impostação, o controle da respiração durante a leitura.
Pratique ensaios no espelho buscando corrigir erros na gesticulação. Utilize as divisões básicas do discurso. Em apresentações pré-agendadas, treine todos os passos. Familiarize-se com o local, com os recursos eletrônicos disponíveis, incluindo o manuseio correto e sua funcionalidade.
João Batista Nunes
Psicólogo Organizacional
Acadêmico do Curso de Direito
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