quarta-feira, 19 de outubro de 2011

SEXO, HERMAFRODITISMO PSÍQUICO E ANDROGINIA


Não quero aqui, utilizar desse espaço para rotulações, classificações de patologias quaisquer que sejam, principalmente quando o assunto é sexual. Mas não devo deixar de reconhecer o fato de que são assuntos instigantes e que, quanto mais estudamos a matéria, nos deparamos com uma infinidade de questões não resolvidas e que tanto a psicanálise, quanto a sociologia e a religião se debatem a fim de chegar a um termo.

O sexo, por exemplo, está tão impregnado em todas as formas de manifestação humana, seja pelo universo simbólico, seja nas condutas mascaradas, e nesse particular, a sublimação é uma das mais evidentes, como àquelas que julgamos não ter relação alguma como os jogos políticos e por ai em diante. Quanto mais se condena, mas atrativo se torna, quanto mais se reprime, mas explícito fica. Se a postura é liberal, o banal, o corriqueiro do tanto se expor vai se esvaziando quanto a seu conteúdo de significados.

O que dizer, por exemplo do hermafroditismo psíquico? O sujeito, acha-se, no primeiro momento confuso em relação a sua condição sexual. E ai se depara com as cobranças do meio social que cria regras de conduta com as quais ele [ou ela] terá que se conduzir para habitar na esfera do considerado "normal". Com a maturação desse indivíduo, as convicções vão se cristalizando em sua mente: embora tenha nascido com os documentos anatômicos e fisiologicamente masculinos ou femininos, a cabeça dele (a) pertence ao universo do sexo aposto àquilo que tem ou com o que nasceu e recebeu identificação civil.

Nessa instância, a pessoa já se depara com a questão jurídica da discursividade de gênero no nome, pois ao nascer, as identidades fisiológicas, emergentes das intimidades somáticas, levam a inscrever tal pessoa, para fins de identidade civil, como sendo homem ou mulher. Só depois, quando na pre-adolescência a pessoa mais ou menos percebe que há algo errado em relação não só às preferências de gênero, mas a tudo que ele (a) é e que não deveria ser. É algo que não pode se associado a influências a que a pessoa esteve exposta, pois independentemente de qualquer coisa, toda o sentir é como se aquele ser estive num corpo que não lhe pertence por não corresponder as estruturas mentais.

Toda essa coisa não-esclarecida vai ancorar no terreno da androginia (de andros = homem, e ginia, gineco= mulher) por algum tempo, ficando no ar atitudes positivamente masculinas no corpo feminino, ou de mulher num corpo de homem, confundido-se com homossexualismo ou alguma outra dessas classificações modernas, que não as da psiquiatria, que cunha logo de desvio patológico, associado a doença.

O andrógino pode até associar-se ao ativismo homossexual e frequentar alguns ciclos do espaço gay, mas logo as setas indicarão o caminho: mudança de sexo. E, hoje, no Brasil, há cada 15 dias esse tipo de operação está sendo processada. E a legislação brasileira já conta com jusrisprudência que dá aporte e apoio legal, conformando essa transição de sexo ao novo Código Civil. Só então, é claro, com terapias infindáveis de hormônios para manutenção das características que se quer desenvolver na nova identidade, assumidos os riscos dos efeitos colaterais dessa jornada terapêutica. Com nova cara e "documentos" anatômicos, tudo fica como parece, menos a função de reprodução, a questão gestacional.

A grande questão que se impõe é como a religião tradicional irá acolher essa nova realidade, afinal, muitos desses novos cidadãos que escolheram assumir sua identidade modificada cirurgicamente são seres humanos que, como qualquer um, sentirão necessidades sociais, dentre elas, a igreja. E aí, não se pode usar nenhuma das formas de negação desse direito, mesmo a mais disfarçada que seja.

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