sexta-feira, 29 de outubro de 2010

POLÍTICO: PRODUTO DIFÍCIL DE VENDER


Difícil, mas não impossível.
Tomando como base o estado da Paraíba, palco de disputas eleitorais renhidas, forte influência bairrista e acentuado karma coronelista, lugar comum dos 'heróis atores' que apreciam bem a arte da manipulação e assomos emocionais, não é fácil chegar ao pódio. Nesta sesmarias, onde até a bandeira de cores tristes e acentuado apelo a depressão - como o tempo que a forjou - pende para o atraso, quem se candidata a um cargo eletivo sem auscultar e perscrutar o momento, a situação, o meio, pode gastar rios de dinheiro que não se elege. O ruim pode piorar se for assessorado por idiotas, amantes dos vícios próprios dessa área.
Regras simples: é melhor um boboca assessorado por um expert do que um sabido aconselhado por idiotas. Um tolo rodeado por conselheiros leais, passa por sábio.
Então, vamos começar do começo. O candidato já tem um conjunto de bandeiras a ser defendidas na campanha? Não se engane, só porque Toim da Sopa ganhou prometendo criar um Ministério das Sopas na Assembléia Legislativa, e uma PEC (a moda agora é essa, PEC pra cá, PEC pra lá...) que vai protocolar na Assembléia Legislativa instituindo a obrigatoriedade de mudança da cultura alimentar da Paraíba, é sopa no café, é sopa no almoço é sopa no jantar! Espero que não caia mosca em tanta sopa! Não significa que você também irá ganhar conversando besteiras.
As bandeiras nascem das idéias problematizadas no âmbito social, tem a área da saúde, emprego e renda, ecologia, sustentabilidade, etc e etc. É claro que não podemos correr o risco de ser ridicularizados com idéias de projetos inconstitucionais, ou que gerem conflitos institucionais, ou inócuas por equívocos de atribuição de Poderes. Por exemplo, um candidato a deputado estadual não pode discursar em palanque que vai cria a PEC dos franelinhas municipais, porque PEC é uma proposta de emenda a constituição, não do estado no qual pertence, nem do município, mas da União, PEC será sempre objeto de discussão na esfera do Poder Legislativo Federal. Assim como um candidato a vereador não pode dizer que, se eleito, irá inaugurar este ou aquele hospital, isto é atribuição do Poder Executivo, no caso, o prefeito. O pior é que o povo está tomando conhecimento desses detalhes, devagar, mas está. E candidatos desse naipe intelectual são logo descartados, são inconsistentes (e, não poucos, inconseqüentes).
Ao contrário da cultura predominante no meio político, uma excelente campanha não depende exclusivamente de dinheiro. Conheço um senhor idôneo, vivido, nota 10 no mundo da jurisprudência, excelente pessoa. Ele queria terminar sua vida pública como deputado federal. Rodeado, porém, de assessores incompetentes e oportunistas. O coordenador da campanha, na reta final, era possível encontrá-lo nos corredores do Shopping Manaíra, bebendo vinho caríssimo e falando alto. Resultado, mais de 4 milhões gastos na campanha, sem retorno. Uma derrota anunciada pelas pesquisas internas.
Esses e outros exemplos, permitiram-me extrair a seguinte conclusão: as lideranças compradas a peso de prata, se deixam vender a preço de ouro. No período pré-eleitoral eles prometem que podem garantir votos até pra eleger presidente da República. É um engodo, um engano tramado ardilosamente. Defendo que a conquista de voto deva ser feita diretamente com o eleitor, sem atravessador, por meio do contato direto, olho a olho, do candidato com as pessoas, mostrando simpatia, sinceridade, propostas reais que instigue o eleitor a pensar, a atribuir valor ao voto.
Outra constatação: o período eleitoral tem um poder transformador mas visível do que aquele prometido pelos evangelhos. Nunca vi uma rapidez de mudanças tão eficiente dentro de um período relativamente curto. Pensar, por exemplo, que representantes de seguimentos religiosos transferem votos é correr sérios riscos de perder e feio qualquer campanha. Digo isto, porque falsos líderes travestidos de religiosidades, dizendo ser donos desse ou daquele "mega-grupo" tem no período eleitoral a mega chance de vender um povo que não lhes pertencem. Não duplamente ladrões insaciáveis.
Os verdadeiros líderes têm a missão apenas de esclarecer sobre o papel livre e soberano do exercício da cidadania e nisto está a capacidade de escolha, essência do voto. Ele deve trabalhar as temáticas apresentadas pelos candidatos, sim. Quando estas dizem respeito aos direitos constitucionais legados ao cidadão e a Igreja.
Por isso, é um engano pensar que lideranças compradas possam ser a garantia de uma boa campanha. Comprar votos na reta final, não vale. Distribuir feiras na calada da noite anterior ao dia de votação, não é inteligente. Nem detornar oponentes pela internet.
Há um caminho mais difícil. Porém eficaz. Veja só: depois de organizar as bandeiras de campanha, com idéias bem estruturadas, projetos viáveis e de alcance social, porque não gravá-las num CD (de áudio, com a extensão WAVE que pode ser tocado em qualquer suporte), escutar sua própria voz e melhorá-la nos pontos de realce através do ensaio, fixando as idéias na mente. Eleja no mínimo cinco amigos e amigas que se destacam na área de letras e comunicação social, contabilidade, designer gráfico, e competências de articulação. E aí, talvez você esteja diante de uma boa equipe. Distribua entre eles CDs gravados com suas idéias e ouça atentamente suas críticas. Certamente, entre eles surgirão idéias extraordinárias. Monte com eles um layout de CD (que é mais barato) com programação básica, cuja interface possibilite organizar os seguintes itens de página: links QUEM SOU; UM POUCO DE MINHA HISTÓRIA; PORQUE SOU CANDIDATO A (...); MINHAS PROPOSTAS/IDÉIAS/PROJETOS. Adicione-se espaço para dois videos curtos (extensão AVI) e Fotos selecionadas, sem excessos.
Esse material é o carro-chefe da campanha, o passo seguinte será montar as estratégias de utilização das mídias sociais. Quem faz assim está demonstrando um comportamento ecologicamente correto, por não sair sujando a cidade com panfletos mal elaborados e santinhos que causam repulsa no eleitorado.
Deixe pra distribuir santinhos em massa no momento oportuno.
Continua...

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