Ele é um educador. Um orientador pedagógico, um pedagogo, querido de tudo e de todos. Tem uma ligeira limitação física que o põe na categoria dos especiais. Isto que o torna vencedor! Ele é tão bondoso. Caridoso. É quem entende bem as crianças.
Com espírito desprendido e muita boa vontade, pediu que o transferisse para uma creche municipal de um bairro bastante pobre e perigoso, uma das periferias da cidade. Naquela creche, em poucos dias, conquistou a simpatia e a amizade de todos, do funcionário da limpeza à chefe. Além de demonstrar seus "dotes" pedagógicos aprendidos nos muitos simpósios que participa, ele costuma, após as refeições, colocar as criancinhas para dormir em suas caminhas. São crianças de seis a oito anos. Filhos de mães solteiras, em sua maioria, produtos de violência e extrema pobreza.
Ele com uma sabedoria desmedida, coloca seu som portátil sobre a mesa e logo um CD com músicas de ninar começa a tocar e a embalar as criancinhas num sono angelical.
Enquanto a música toca, ele se desloca calmamente em sua cadeira de roda pelas janelas, se esforçando para fechá-las. Ele, com uma certa dificuldade, as fecha e por fim, certifica-se que a porta de acesso ao dormitório também está cuidadosamente fechada. Sem ninguém por perto, por quê continuar nesse papel de educador. Ele percorre cada caminha, olhando cada criancinha dormindo sem defesa alguma, e então deixa extravasar todo instinto sexual perverso contra suas vítimas.
Essa cena vai se repetindo, e ele vai, descaradamente e vil, ao arrepio da lei, imperceptível diante de olhares profissionais tão cegos e despreparados se apoderando covardemente de cada criancinha. Afinal, ele está no controle. E isso é tudo.
Numa dessas investidas, uma mulher responsável pelo apoio da criançada, que na infância havia sido vítima de pedofilia, reconheceu naquele modos operandi daquele educador uma similaridade impossível de se confundir. Resolver seguir de perto todo o ritual dele. perscrutou, mesmo sem conhecimento técnico, as mães das crianças, e por fim, fez com que o elemento nocivo desse vazão a seu ato sem perceber sua presença num recôndito da sala.
Ela ficou horrorizada e surpreendeu o criminoso! Numa reunião convocada às pressas, com a presença de todos os orientadores daquela creche. A acusadora e o ilustre educador, frente a frente, insistindo, asseverando ser verdadeiro o fato. Mesmo assim, era praticamente impossível alguém tão bom, fazer semelhante ato, e logo com crianças. Os dias se passaram. Ele mudou sua estratégia. A psicóloga da creche passou a acompanhar mais de perto seus procedimentos pedagógicos e por fim, ele pediu para se transferir para outra creche. Motivo: aquela era distante de sua casa.
Um ano depois, num treinamento para orientadores pedagógicos, especialistas em trabalhos com creche, quem é convidado para ir a frente receber uma medalha de reconhecimento de trabalhos prestados à comunidade? O tal educador!!!
Este fato é real, sem dúvida. Trazido a este espaço apenas para mostrar que nós, muitas vezes preferimos ignorar a verdade mesmo quando esta se impõe como uma montanha diante de nós. Ele peca contra crianças e nós, pecamos por omissão. Mas, tenho para mim, que muitos casos de pedofilia poderiam até ser evitados, se nós não nos acovardássemos tanto.
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