Por João Batista Nunes
Sem rodeios: aprenda definitivamente que nem
tudo que parece ser corresponde aos fatos. Pode haver nas entrelinhas do
discurso ou naquela apresentação acima de qualquer suspeita algo que se
contradiz e pode guardar um abismo profundo que separa o discurso heroico da
vileza e escalada destreza.
Aprendi com aquele sábio professor numa das
primeiras aulas de direito penal: “a natureza humana nunca deixará de
surpreender, não há limites para a maldade.”
Mesmo as ações mais ingênuas, de promoção
social, de incentivos e visibilidade, de patrocínio, do que se afigura
benemérito, boas práticas sustentáveis, socioambientais, socioeducacionais e
inclusivas, muitas vezes podem estar maculadas por vícios e descaminhos,
articulados por mente sinistra, motivada por princípios sorrateiros e
desumanos.
Exemplos nos registros da história não
faltam. Pessoas e instituições que foram enganadas por anos a fio se ressentem
de terem deixado escapar sinais quase imperceptíveis desse nível de manipulação
e exploração da credulidade.
O cerne da questão é que estamos vivendo
tempos valorização da solidariedade nos seus diversos aspectos, com uma gama de
temas que mexem com o muito que ainda existe de sensibilidade humana, e isto
encorajado pelo fato de que existem recursos, pessoas e instituições que estão
prontas a gastar, a destinar, a fazer concessões, alocações, para a promoção do
bem-estar de segmentos, grupos e indivíduos. Isto porque fazer o bem, faz bem.
Considero que seja de grande relevância que
você (na qualidade de pessoa física ou jurídica) observe algumas pontos de
realce que devem ser levados em conta na hora de se fechar um pacote de doação
ou patrocínio:
1º - vá além das informações contidas e
arranjadas no projeto/proposta; conheça in
loco escritório, local, equipes, pessoas próximas e em arredores,
testemunhos de fornecedores etc.;
2º - sendo um empreendimento, evento, projeto
a pequeno, médio e longo prazos, busque conhecer a equipe gestora. Cuidado! Ao
constatar que esta ou aquela organização, ação, evento ou projeto é gerido por
uma única pessoa, desconfie. Quase sempre essa pessoa é a principal
beneficiária. De alguma forma obscura, ela consegue manter a coesão de grupos
de pessoas, mas que, por meios subterrâneos esconde seu verdadeiro “potencial”;
3º - vá além dos demonstrativos de despesas.
A maquiagem dos custos pode ir além das aparências e atitudes pseudotransparentes
podem esconder ciclos viciosos entre a pessoa proponente, fornecedores e até
patrocinadores da má-fé.
Uma medida antifraude eficiente seria a institucionalização
de Conselhos Dinâmicos de Creditação, com membros da sociedade, com
competências em contabilidade, logística, investigação fiscal, administração
entre outras, para fiscalizar nos mínimos detalhes a natureza de eventos,
projetos e ações de fins beneficentes, feitos com recursos de origem diversa.
O CONSELHO SOCIAL DE CREDITAÇÃO é quem iria atestar, depois de uma análise criteriosa, esmiuçada, que aquele determinado evento, naquela dado momento, nem antes nem depois, estava dentro dos conformes de transparência, realmente transparente.
O CONSELHO SOCIAL DE CREDITAÇÃO é quem iria atestar, depois de uma análise criteriosa, esmiuçada, que aquele determinado evento, naquela dado momento, nem antes nem depois, estava dentro dos conformes de transparência, realmente transparente.
A solidariedade e a participação voluntária
em prol do bem comum são as atitudes que melhor definirão o presente século,
mas isto não quer dizer que não se faça acompanhar de instrumentos técnicos e
operativos de detecção de possíveis fraudes, ou mesmo de validação de
credibilidade, investindo de autoridade, seriedade e compromisso verdadeiro com
o bem-estar das causas sociais que se propõe defender, quando idealizado na
primazia da transparência, não turvada, mas cristalina como manda a verdade e a
justeza da probidade.
Para gestores de empreendimentos beneficentes
e de bem-estar coletivo, fornecedores e patrocinadores que seguem a cartilha da
ética e das boas práticas, não há o que temer. Do contrário, é bom repensar as
práticas obscuras, porque a honestidade não confere lucro rápido, mas produz
honra e prosperidade em todas as esferas de atuação humana.
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