"Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos...
A caatinga estendia-se de um vermelho indeciso salpicado de
manchas brancas que eram ossadas.
Miudinhas, perdidas no deserto queimado, os fugitivos agarraram-se,
somaram as suas desgraças e os seus pavores."¹
A história das guerras tem sido, via de regra, produzida em torno da geopolítica e geoestratégia, embora, esses termos sejam modernos, mas sua essência remonta períodos imemoriais. A luta por espaços privilegiados, riquezas e recursos naturais levaram cidades-estados a invadir outros domínios. Nações que, sob pretextos pré-fabricados, declararam guerras visando estruturar a hegemonia não o faziam sem que, intimamente, tivessem reais motivações não declaradas.
Disputa por mercados, ampliação de territórios, domínio do petróleo parecem questões que se apequenam diante do cenário mundial que se projeta e se confirma: a escassez de água em nível global.
A ÁGUA doce, por ser um bem cada vez mais escasso - somente 0,07% é acessível ao consumo humano - , vem se transformando em preciosa e cobiçada commodity mundial. Atualmente, o preço médio da água encanada no mundo é US$ 1,80 por m3.
Hoje, 1,6 bilhão de pessoas grave insuficiência de água e 2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico. Dados do international Water Management Institute (IWMI) mostram que no ano 2025 mais de 30% da população mundial, 1,8 bilhão de pessoas de diversos países, deverá viver com absoluta falta de água.
Há em curso uma disputa pelo controle e acesso à água potável, movida pela lógica de que aquele que detiver este controle terá um poder de vida ou de morte sobre milhões e milhões de pessoas.
Isto porque quanto mais a água for escassa e rara, mas frequentes e numerosos serão os conflitos e as guerras intra-nação e internações por ela. Neste contexto, água não mais será uma fonte de paz e cooperação, mas de guerra e rivalidade. O futuro corre o risco de ter uma economia da água baseada em competição pela sobrevivência. É a petrolização da água.
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¹Graciliano Ramos in Vidas Secas, 1938.
Há em curso uma disputa pelo controle e acesso à água potável, movida pela lógica de que aquele que detiver este controle terá um poder de vida ou de morte sobre milhões e milhões de pessoas.
Isto porque quanto mais a água for escassa e rara, mas frequentes e numerosos serão os conflitos e as guerras intra-nação e internações por ela. Neste contexto, água não mais será uma fonte de paz e cooperação, mas de guerra e rivalidade. O futuro corre o risco de ter uma economia da água baseada em competição pela sobrevivência. É a petrolização da água.
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¹Graciliano Ramos in Vidas Secas, 1938.
João Batista Nunes formado em psicologia, estudante de direito e pós-graduando em GRH.
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