quinta-feira, 18 de abril de 2013

CLÃ NINJA



Há muito tempo atrás no Japão, nos lugares isolados, montanhosos e de difícil acesso eles cultivaram a arte secreta de matar, eram os ninjas sempre a serviço de quem pagassem mais pela morte de algum soberano ou membro importante das poderosas dinastias feudais.

A organização social dos ninjas girava em torno de um ancião do clã, o mestre, que havia recebido e aprimorado os conhecimentos de combate preservados e mantidos sob um ciclo rígido de conduta.

Havia uma hierarquia tradicional e rigorosamente seguida por todos os membros do clã. Secretistas, sair ou tentar sair podia representar a morte. 

Disciplina da mente e do corpo, obediência irrestrita, sagacidade, precisão e dominío faziam de cada guerreiro uma verdadeira máquina de matar com armas rudimentares como shariken, a katana, say; armas químicas (substâncias letais variadas que podiam paralisar o oponente por horas ou neutralizá-lo definitivamente em seguntos); ou usar apenas a habilidade de combate corpo-a-corpo sendo peritos em luta com mãos e pés, lutas de solo através das técnicas combinadas de imobilização e estrangulamento. 

Os guerreiros eram diariamente aprimorados através de treinamento que envolvia a arte da camuflagem, as aproximações e retiradas silenciosas sem deixar vestígios. Eles desenvolviam técnicas de disfaces avançadas para a época.

Não tinham a honra dos samurais que entregavam suas vidas a seus senhores para servi-los fielmente acima de qualquer interesse. Mesmo sabendo que injustiças eram cometidas pelos soberanos. 

Não eram guerreiros corpulentos, pelo contrário. Homens simples, tranquilos e extremamente calculistas. Eram capazes de sofrer humilhações públicas se passando por indefesos camponeses para guardar suas verdadeiras identidades. 

Esses peritos simplesmente desapareçam com o tempo, e a maior parte de seus conhecimentos também o foram.

Também é verdade que a indústria cinematográfica, a partir dos antigos filmes de Bruce Lee, encarregou-se de pintar um quadro fantástico do ninjas, conferindo-lhes superpoderes para além das capacidades humanas. 

Uma coisa é certa, se as duas principais escolas ninja foram centros de treinamento secretos, muito do que se sabe hoje representa 90% do que não foi, do contrário, não seriam secretos.




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Vejam também:

CATÁSTROFE NA TERRA DE SHOGUN
KAIZEN - MUDANÇA PARA MELHOR

http://jbnunes-vitrine.blogspot.com.br/2011/04/kaizen-mudanca-para-melhor.html



segunda-feira, 15 de abril de 2013

A CAMPINA DE LAURITZEN (PARTE I)



Os fatos históricos, posto que dinâmicos, sempre estão em constante movimento e redefinição. Particularmente, não aprecio narrativas prontas, acabadas. Prefiro trilhar pelo caminho mais íngreme na busca e garrimpagem do que se reveste ou venha revestir de importância para o conhecimento do passado (preferencialmente, sem retoques) e compreensão do presente. 

Naturalmente, o tempo do discurso eivado de romântismo poético e preciosismos latinizantes, com persistentes excessões, já passou e agora, resta ao pesquisador um olhar sereno, imparcial, desapegado das armadilhas contextuais, recontar a história com a crueza e monocromia de um Euclides da Cunha. 

Bem, vamos começar?

Como bem pontuado por Evaldo Gonçalves de Queirós (2000), Campina Grande nasceu com essa vocação histórica de desempenhar, ao longo do tempo, o importante papel de Cidade-Mercado. Nasceu do encontro de vários destinos, oferencendo pousada aos inúmeros viajores do sertão e do cariri pararaibanos, bem como de outras procedências nordestinas.

Nunca recusou seu acolhimento generoso a quem quer que seja. Essa hospitalidade campinense é marca registrada, de que nunca renunciou. Foi assim ponto de encontro, de conversas e de estreitamento de relações de quantos, tangidos pela vontade de vencer, deixavam seus afazeres nos campos e se entregavam à tarefa das trocas e vendas, das compras e escambos os mais diversos, nessa sublime missão de aproximar interesses e satisfazer desejos.

Foram os Tropeiros da Borborema que fundaram Campina Grande e a fizeram crescer. Simbolizou o exemplo mais afirmativo de uma revolução de costumes, ainda não descrita pelos sociólogos, nem pelos historiadores: Campina Grande ofereceu aos agricultores e criadores das várias áreas do Estado a oportunidade rara de se tornarem comerciantes, e até prestadores de serviços, antes da organização social e econômica da Paraíba.

Além dessa função de Cidade-Pousada, Campina Grande avançou pioneiramente, como sempre soube fazer, para aumentar suas ações. Acolher, simplesmente, era muito pouco para quem estava geograficamente privilegiada, no cimo da Serra, olhando mais de perto as alturas. Mas a hospitalidade por si só, não representava muito para as ambições de um aglomerado urbano com tendências a se tornar, em pouco tempo, uma Capitania do Comércio. Dentro dessa perspectiva, em vez de um simples ponto de encontro e conversa, Campina Grande haveria de se transformar numa cidade que, além da simples hospitalidade, disponibilizasse mercadorias e serviços, até então, somente prodigalizados na Capital do Estado e em algumas cidades do brejo paraibano. Cumpria a Campina se aparelhar para esse desafio: não só seria Cidade-Pousada. Seria, ao lado disso, uma Cidade-Mercado, capaz de abastecer toda uma hinterlândia, não só dentro dos limites estaduais, mas, sobretudo, além dessas fronteiras.

Esta foi a grande revolução: os Tropeiros da Borborema, também com vocação de pioneiros, a exemplo da cidade que os acolhia, preferiram, a certa altura de suas caminhadas, se fixarem na Campina Grande, convencidos de que se tornariam autores e responsáveis pela maior façanha de que se tem notícia na História da Formação da Paraíba.

Seriam, como foram, os fundadores de uma nova Civilização, representada por novas Conquistas, somente conhecidas na orla, onde começaram e, nessa época, estacionavam os impulsos civilizatórios do País.

A fundação da cidade de Campina Grande representou um fato inusitado, até então. Sem rios por perto, nem mananciais que lhe garantissem o abastecimento, fugiu dos parâmetros convencionais. Fixou-se no planalto, ignorando que somente as planícies geraram as grandes civilizações. Seja na antiguidade, seja nos tempos atuais Campina tinha que ser diferente. 

Para ela, o que importavam, desde o começo, eram os desafios. E por mais difíceis que fossem, melhor. Sua gente, formada por desbravadores sem fronteiras, sabia que o futuro da cidade haveria de ser construído com muito trabalho e pertinácia. Não foi de brincadeira que os migrantes do sertão, do cariri e do interior do Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, vieram para Campina Grande.

A princípio, como Tropeiros. Depois, estabeleceram-se, convictos de que jamais abandonariam aquele solo, nem dele abririam mão, investindo nele todas as suas economias, trazendo, inclusive, suas famílias, a exemplo do que fizeram os primeiros povoadores da América do Norte. Se, até então, na Paraíba, tinha se registrada a ação dos bandeirantes, interessados em desbravar nosso território, somente preocupados em levar daqui nossos bens, os Tropeiros da Borborema, fundadores da Campina Grande, foram os primeiros a dar o melhor exemplo de pioneirismo, fixando-se para ali permanencerem, em caráter permante e definitivo.

Com tal ânimo, o clima foi por demais propício para o surgimento da Cidade-Mercado. Os antigos Tropeiros, acolhidos anteriormente como viajores, transformaram-se em habitantes comprometidos em fazerem funcionar a Cidade, com um novo modelo. Nasce Campina Grande, sob os auspícios de um grande centro abastecedor do nordeste brasileiro, reunindo suas duas funções básicas: Cidade-Pousada e Cidade-Mercado. 

Nessas condições, Campina Grande deu dois saltos simultaneamente: em termos quantitativos, aumentando seu espaço, como cidade, e qualitativos, quando diversificou suas atribuições, atendendo a um maior número de demandas.

Estavam criados todos os pré-requisitos para que Campina Grande continuasse a dar todos os demais saltos, que a tornaram na florescente Vila Nova da Rainha e na Capital do Trabalho, cujo epíteto, ainda hoje, conserva como galardão de que todos nós nos orgulhamos.


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Continua...


sexta-feira, 5 de abril de 2013

A EXTINÇÃO DAS QUADRINHAS JUNINAS



Campina Grande se prepara para a 30ª edição de O Maior São do Mundo, um grandioso evento no calendário da cidade. São 30 dias de festa que movimenta o comércio; a rede hoteleira não consegue dar conta de tantos turistas que vêm ao município saborear as comidas típicas feitas com muito carinho, a exemplo da tradicional pamonha de milho verde, feita no leite de coco, queijo e manteiga da terra. Tem também a canjica, o pé-de-moleque, igualmente saborosos. 

São verdadeiros energéticos naturais que garantem a "sustância" necessária para o arrasta pé do caboclo com a morena, com seu traje especialmente feito para a ocasião. É um desfile de cores, um cuidado incessante com os retoques, uma troca de olhares enamorados que, aqui e ali, acabam terminando em "casório"! E por falar em casamento, no Maior São João do Mundo, todos os anos, o casamento coletivo virou atração. É para mais de 300 pares que trocam aliança de uma vez só!

Mas que festa teria brilho sem as tradicionais quadrilhas juninas? Tem gente que passa boa parte do ano se preparando para garantir seu espaço nas quadrilhas, esse segmento do São João que ilustra o cortejo matuto, as vestes  feitas de panos de chita, as maquiagens montadas à caráter, buscando reproduzir o modo de vida da ruralidade que homenageava os santos da boa colheita. 

O que torna a festa, de fato, tradicional, vanguardeira, originalmente original (redundância proposital) é o toque especial de realce da vida matuta, item que exalta a criatividade dos quadrilheiros. É precisamente isso que não identificamos nas apresentação desses últimos anos. 

No Nordeste, criou-se um "corrida por excelência" que alimenta a disputa renhida pelo prêmio da quadrilha ideal. A quadrilha que, com muito esforço, sagrou-se a campeã no Município, depois no Estado, agora, conflitua com os demais estados para, diante de uma mesa julgadora formada por peritos carnavalescos, obter a nota máxima e conquistar o troféu de regional.

Até chegar lá, uma verdadeira neurose toma conta dos envolvidos, que em suas particularidades, vão incrementando as quadrilhas com "cenários", com uma inventividade tão fértil que acabam por descaracterizar a quadrilha no seu essencial, ela deixa de ser matuta para ser estilizada, bombada por ritmos que não guardam relação alguma com aquela quadrilha tradicional . 

Mas como ganhar o troféu de campeã sem tornar a "quadrilha estilizada" a mais estilizada de todas? Cair na folia pré-carnavalesca dando também uns toques radicais de Rock-in-holl pauleira, pronto, assim, matou definitivamente a tão bonita quadrilha junina. 

A culpa dessa tragédia cultural é do governo local que não destina verba para custear o aparato que cada quadrilha apresenta? Afinal, na quadrilha estilizada, só um vestido exageradamente brilhoso varia entre R$ 1.000,00 à R$ 1.600,00! Ou será que quem está matando a quadrilha junina são os próprios quadrilheiros? Não me atrevo a dar essa resposta, embora já a tenha na ponta da língua.

Porém, não podemos deixar de frisar que existem muitas coisas que o dinheiro não pode comprar, uma delas é a criatividade. O pensamento criativo, como ditado por Von Oech (in Um 'Toc' na Cuca; ed. Cultura, 2002), "supõe uma atitude, uma perspectiva, que leva a procurar idéias, a manipular conhecimento e experiência". Desse prisma surgem os grandes campeões. Agora, por favor, não matem as quadrilhas juninas! A cultura vanguardeira agradece.