É
praticamente impossível mensurar o montante de moedas de pequeno valor como as
de 1, 5 e 10 centavos, que deixam de circular no mercado brasileiro causando um
descompasso econômico significante. O Banco Central estima que R$ 500 milhões dessas
moedas estejam, boa parte, esquecidas nos lares.
O
fato é que nós não fomos educados para reconhecer nessas moedas o devido valor.
Por isso, aceitamos sem questionar preços de produtos na base do R$ 1,99, R$
49,99 e assim por diante, sem nunca exigirmos o troco que nos é de direito e
dever.
As
empresas que comercializam esses produtos e/ou serviços se sentem confortáveis,
porque o que para nós, consumidores individuais, não representa aparentemente
perda alguma, em se tratando apenas de um, dois ou três centavos, para o
comércio, no cômputo final, representa lucros.
Como
ainda não existe legislação que proíba esse comportamento do comércio, a
decisão deve ser minha e sua, no sentido de refinarmos nosso olhar para as
moedinhas esquecidas no interior de nossa casa. Mas, sobretudo, nos reeducarmos
para exigir, respeitosamente, o devido troco mesmo que seja de R$ 0,01 centavo
de Real.
E
esse comportamento não é interpretado como sendo uma atitude miserável, afinal,
que falta faz um centavo, a menor unidade do Real? Se pensarmos assim estaremos
alimentando a cultura deformada do comércio que anuncia valores com números
garrafais do tipo “tudo por R$ 4,99” sendo que os “99” quase não se lê de tão
pequeno.
Contrariamente,
quando a tarifa de ônibus custa R$ 2,25, se você passa primeiro para depois
pagar e, surpreso, constata que está faltando cinco centavos, uma situação
vexatória será gerada, porque instintivamente, o passador de troco, o cobrador,
não irá admitir o valor incompleto. Há casos até que a força policial é
acionada! Se for ele quem não tiver troco de cinco centavos, nós facilmente não
damos importância ao fato.
Um
dia observei, em pleno Shopping, uma senhora que esperava pacientemente, em
meio a uma fila de hora de almoço, um troco de apenas vinte e cinco centavos.
Bem vestida, com porte elegante, rica, por quê não? Depois de refletir um pouco
deduzi, o que parecia uma inconveniência da parte dela, era na verdade o que
todos nós devemos fazer, por duas razões: 1) dinheiro não cai do céu. Centavo por
centavo se estabelece o patrimônio de alguém; é mais provável que você
enriqueça economizando, valorizando cada centavo, do que desperdiçando; 2) deve
se constituir obrigação sagrada de cada estabelecimento comercial dispor de
moedas para troco. O que não ocorre por falta de mais gente como essa dita
mulher povoando o comercio.
É
preciso mudar essa cultura colocando as moedas que temos em casa em circulação,
centavo por centavo. Fazendo assim, o comércio fluirá com maior capacidade de
troco e nós, poderemos contribuir gradualmente para formatação de uma prática
comercial mais justa, conquentemente, menos enganosa.
Isso
é um processo lento, mas – como diriam árabes, gente que sabe o valor dos
centavos – para uma caminhada de mil quilômetros começar, basta dar o primeiro
passo.
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