De
todas as recordações que os mais velhos guardam do Bairro do Jeremias, Área
Norte de Campina Grande-PB, além da Difusora de Laura de Chico Venâncio e do Cabaré
da Nega Tonha, cantado por Zito Borborema, é sem dúvida os tempos idos do
vái-e-vem de Seu Geraldo.
Seria
qualquer "Geraldo", ou mais um dentre tantos comuns moradores senão
pelo seu ofício: "tirar retrato" como se dizia à época (1980-90). Com
sua máquina fotográfica "Zenite" com flash acoplado.
Aniversário
que se preze não era completo se não chamassem Seu Geraldo. Na hora do partir
do bolo era um verdadeiro alvoroço, pessoas comprimidas pelos recantos da sala,
ansiosas para sair no "retrato". E as expectativas? Depois de quatro
a cinco dias, tempo da revelação, Seu Geraldo já trazia todas as fotos num Álbum.
Disposto,
comparecia a enterros, clicando as últimas feições do morto; as missas, nas
ocasiões festivas, aos cultos dos crentes, aos terreiros de macumba, enfim,
casamentos, batizados,times de futebol de pelada, lá estava Seu Geraldo!
Nesse
tempo havia algo de especial em tirar retrato, algo místico, singular. As
pessoas se preparavam, usavam a melhor roupa, não poupavam no Contorrer de
Alfazema (daqueles verdes e fortes), do olho para cabelos, que tanto conferia
brilho como maciez.
A
emoção tomava conta das pessoas, afinal, não era todo dia que se podia tirar
retrato! E se porventura não satisfizesse o gosto, a chance estaria por conta
do próximo aniversário no qual Seu Geraldo fosse novamente chamado.
O
retratista do Jeremias acompanhou o desabrochar do bairro, registrando através
de sua máquina Zenite as caras e feições de tanta gente que se vinha e que se
ia num constante movimento da vida. Do retrato preto e branco para compor a
Carteira de Trabalho Identidade do cidadão, ou a Carteira de Estudante ao mais
chique retrato colorido, tudo se convertia num fascínio indescritível.
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