quarta-feira, 20 de abril de 2011

AMOR


Essa disposição emocional duradoura com relação a outra pessoa, ao mesmo tempo, esse sentimento imediato de forte emoção na presença dessa pessoa.

Os sentimentos de amor podem apresentar muitas formas, o que depende da natureza específica da relação percebida entre o eu e o objeto. Os sentimentos de ternura e proteção - centrais no amor maternal - decorrem, evidentemente, da percepção da criança como mais fraca e necessitada de cuidados. A excitação e a alegria encontrada no "amor romântico" decorrem do desejo e da previsão de estar junto, da imaginação idealizada das satisfações comuns.

O forte elemento de excitação sexual, existente em algumas emoções de amor, deriva, certamente, da percepção que a pessoa tem da outra adequada aos seus desejos sexuais. O amor da criança pela sua mãe pode incluir elementos básicos de necessidade de proteção e ajuda. E na emoção de amor podem existir até nítidos elementos de submissão e mêdo, tal como ocorre no amor da criança pelo pai forte.

As emoções de amor podem variar nestas e em muitas outras formas; a intensidade da experiência pode variar desde a suave até a profunda. O grau de tensão pode variar da mais serena afeição até a mais violenta e agitada paixão. O que é, então, comum a todas esses formas? O que nos permite denominá-las amor? O núcleo de sentimento de ser atraído para o outro, e desejar ser atraído. De maneira clara, também, o eu é apreendido como intimamente identificado como o outro. Além disso, existe um sentimento essencial de devoção do eu ao outro. O amor, visto do ponto de vista da pessoa, é sempre e necessariamente "altruísta". Se não fosse assim, não teria a característica de amor. Se, ao ser julgado por um observador imparcial, o amor é realmente altruísta, é outro problema. Todos nós conhecemos casos que denominaríamos egoístas: tal é o caso do "amor" de uma mãe, exigente e dominante, por sua filha.

Além disso, a intensidade do sentimento depende de outros fatores, entre os quais a acessibilidade ou não do objeto amado. ("A ausência intensifica o amor", com a condição de não ser tão demorada a ponto de fazer com que "longe dos olhos, longe do coração"!) A criatura amada e inatingida é mais intensamente amada; a frustração dos desejos de estar em contato com a pessoa amada aumentam a tensão e intensificam o sentimento.

Amor Romântico. O "amor romântico" tem uma grande parte dessa frustração de contato completo, e não é surpreendente encontrá-lo, sobretudo, nos que estão separados. Mas quando se atinge o objetivo, cedo ou tarde termina a lua-de-mel, e existe menos probabilidade de persistência de "amor romântico". Não se trata de desilusão, embora esta também possa ocorrer; trata-se, antes, de uma transformação na situação psicológica, que não mais apresenta o ambiente para o "amor romântico" perdurar.

Desaparecem as barreiras que separavam os amantes. O objeto de satisfação foi atingido. As satisfações comuns já não podem ser idealizadas pela imaginação. Logo, a mudanças nesses elementos da situação provoca mudanças na experiência emocional. A moça que imaginava o casamento como um interminável romance idílico, com uma intensidade emocional crônica e no mesmo nível do período de namoro, supôs, sem o saber, uma situação psicológica imutável no tempo. Então, descobre que o tipo de amor despertado pelo cônjuge não chega a ser tão cronicamente intenso, e que a natureza do "amor do casamento" é muito diversa daquilo que se esperava no campo imaginário.

Amor de si mesmo. É notável que o amor, tal como ocorre com muitos outros sentimentos emocionais, pode ser despertado pelo próprio eu, e dirigido pela este. A deusa Nêmesis fez com que Narciso se apaixonasse pela sua própria imagem na água, e o nome narcisismo é dado aos sentimentos de amor por si mesmo. Provavelmente, todos têm, até certo ponto, esse sentimento. No entanto, existem casos de pessoas para as quais o narcisismo é o amor mais intenso de que têm experiência. Às vezes, esse narcisismo tem um elemento claramente sexual; é a que se observa nos casos de comportamento autoerótico, nos quais as fantasias vividas pela pessoa não são de relações com outros, mas se centralizam apenas em seu próprio corpo.


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