SOCIALISMO EM TODO MUNDO
É A HISTÓRIA ESCRITA COM SANGUE DOS QUE
OUSARAM SE COLOCAR NO
CAMINHO IMPIEDOSO DE DITADORES.
A vida de María Lourdes Afiuni mudou completamente no dia 10 de dezembro de 2009. Ao decidir pela liberação de um desafeto de Hugo Chávez, ela saiu do tribunal onde trabalhava em Caracas, capital da Venezuela, diretamente para um presídio, onde viveria um pesadelo em vida. Nem o promotor que a algemou sabia por que ela estava sendo presa. “Eu ainda não sei, vou ver”, disse ele. A ordem de prisão, no entanto, tinha vindo diretamente de Hugo Chávez.
Na prisão feminina INOF (Instituto de Orientação Feminina), Afiuni foi submetida a todo tipo de indignidade.
Foi espancada pelas outras detentas, o que gerou lesões na bexiga e no peito.
Foi estuprada por homens identificados com cartões do Ministério do Interior.
Sofreu um sangramento grave, resultado de um aborto espontâneo que Afiuni teve na prisão.
Sua pele ficou cheia de marcas por queimaduras de cigarro que seus agressores fizeram.
“Meu útero teve que ser retirado. Minha bexiga, vagina e ânus foram destruídos,” disse Afiuni em um áudio filtrado durante uma audiência de seu julgamento em 2015.
O suplício da juíza Afiuni foi usado pela ditadura para amedrontar outros magistrados que ousassem ir contra a ditadura.
Anos mais tarde, a juíza que ordenou a detenção do líder opositor Leopoldo López em 2014, Ralenis Tovar, relatou que quando ela pediu tempo para analisar o caso, um funcionário da Inteligência Militar lhe perguntou se "ela queria ser a segunda juíza Afiuni.” “Me senti aterrorizada e decidi como queria o governo. Não queria passar pelo que a juíza Afiuni sofreu.”
Após dois anos de seu primeiro governo, Chávez já enfrentava crescente descontentamento e uma tentativa de golpe de estado. Já em meados de 2002, tornou-se comum que empresas, organizações civis e outros atores da vida pública venezuelana convertidos em “inimigos da revolução” chavista monitorassem os frequentes discursos compulsórios de Chávez na televisão (as chamadas “cadenas”). Neles se davam ordens com efeitos imediatos, prédios e terrenos eram desapropriados, e era possível saber para onde os destinos do país iriam de acordo com o humor e a atitude do presidente. As ordens e declarações televisionadas estavam acima do Diário Oficial, dos memorandos, das sentenças e até das leis.
Foi assim, por meio de uma ordem de prisão televisionada, que a juíza María Lourdes Afiuni foi levada do seu tribunal diretamente para a penitenciária. Em dezembro de 2009, depois de chamá-la de "bandida", e referindo-se a um decreto de Simón Bolívar que ordenava a execução daqueles que “levassem um centavo do tesouro público” e dos juízes que não aplicassem esse decreto, Chávez solicitou pena máxima (30 anos de prisão na Venezuela) para ela “em nome da dignidade do país.” Afiuni acabava de conceder liberdade condicional a um banqueiro que estava havia três anos detido sem julgamento.
“Saí de casa para trabalhar e não voltei”
Na manhã de 10 de dezembro de 2009, Afiuni saiu de sua casa para o seu local de trabalho, o tribunal de controle criminal 31 no Palácio da Justiça em Caracas. De lá, saiu detida para a sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN), e de lá para a prisão feminina INOF (Instituto de Orientação Feminina), onde passou um ano e um mês. Ela voltou para sua casa em fevereiro de 2011 sem útero, com a vagina e o ânus reconstruídos, uma lesão na mama direita, insônia crônica, e viciada em cigarro.
Fonte: Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/de-juiza-a-presidiaria-a-historia-de-maria-lourdes-afiuni-condenada-e-violentada-por-desafiar-hugo-chavez/
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