sexta-feira, 22 de julho de 2011

A GUERRA SANTA NEOPENTECOSTAL


Analisando a evolução expansionista e, obviamente patrimonial, de uma das maiores igrejas neopentecostais, a Universal do Reino de Deus, vejo-me de volta numa das salas de aula da Faculdade de Psicologia (UEPB) em Campina Grande naquela manhã em que ouvia grupos de colegas fazendo a defesa dos textos de GUARESCHI (Textos em representações sociais, cap.6, pág.191-223) sob o título "Sem Dinheiro não Há Salvação".

Alí, fora-me confirmado o pensamento de que quase todos sabem falar sobre futebol, muito pouco, sabem falar - com propriedade -, sobre religião e/ou movimentos religiosos. Foi quando, chegada a minha vez, pude sanar vários pensamentos equivocadíssimos que pairavam de forma nebulosa misturando Tomé com bebé, do tipo pentecostalismo, neopentecostalismo e tradicionalismo religioso. Para minha surpresa, ao passo em que lhes esclarecia os fundamentos originados no Séc. XVI, até antes com Jonh Huss e Wycliff, culminado com Matin Lutero, ouve um silêncio sepulcral e os que dantes se debulhavam em risos entoando o velho hino destoado da realidade de que "todo pastor é ladrão" se curvaram ao crivo da história crítica que aí está, disponível nos melhores livros à espera de arguto leitor.

O fato é que a Igreja Universal do Reino de Deus, pertencente ao grupo dos neopentecostais que emergiram na década de 80 no Brasil, não se denomina evangélica, nem católica romana, nem espírita ou outra linha filosófico-religiosa, mas sim "cristã", e pronto. O que aproxima os líderes fundadores desse ramo religioso é o discurso coerente, direto, persuasivo, com que arrebanha milhares de pessoas. O Bispo Edir Macedo, por exemplo, é um senhor elegante, educado, um profissional das massas pelo poder de mobilização já demonstrado pelo IURD. Comparado ao Missionário RR Soares, outro da mesma estirpe, um gentleman que conquista um sem número de pessoas pelo Brasil a fora. O ponto chave dessa cepa é que os pastores subalternos, do mais próximo e mais instruído ao pastorzinho de periferia se utilizam de práticas de arrecadação financeira que não é facilmente vista ou até mencionadas pelos grãos líderes.

Parece até que, ouvindo Edir Macedo, não estamos na mesma Universal com suas megas reuniões de pessoas que juram de pés juntos que encontram a riqueza e felicidade, coisa que não existem em outras igrejas, só lá, é marca exclusiva. É possível ouví-los fazer o chamamento pela TV utilizando vários "testemunhos", atingindo várias áreas, mas principalmente a financeira, a saúde e a sentimental. Ouvi certa vez um homem afirmando ao entrevistador que fez uma doação de três carros 0k, e com isso sua vida mudou exponencialmente.

Sem dúvida, com novas denominações que "estouram" em âmbito nacional, mais agressivas quanto ao método, o Brasil se tornou um território disputado em cada metro quadrado pelos neopentecostais e a Universal precisou mudar o estilo e discurso para garantir espaço e vantagem em relação às demais. Hoje, os líderes não mais precisam chutar estátuas de santos da velha romanista, que outrora era famosa por essas mesmas práticas de loteamento do céu. Hoje, eles se investiram de uma capacidade mobilizadora penetrante na classe média, daí a linguagem empresarial e fórmulas mágicas de ressucitamento de empresas e vocações profissionais falidas, mas lembre-se: só na Universal! O apelo populista ainda é forte, mas com roupagem nova.

Hoje, a guerra é contra os próprios concorrentes neopentecostais. E aqui e acolá ouve-se os pupilos de Edir Macedo mencionar algo sobre os tais concorrentes "desclassificados", no mesmo instante em que convidam para as superreuniões não mais de descarregos, mas da busca pela fortuna, onde o fiel "revoltado" com sua situação poderá enriquecer, mudando da água para o vinho, enfim, coisas desse tipo. Aos amigos católicos, macumbeiros, evangélicos e ateus, se querem ficar ricos, o endereço é no "Fala que Eu Te escuto!"

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