Para início de conversa, não é fácil compreender na sua integralidade, o poder. Tarefa a que diversas áreas das ciências sociais preocupadas em investigar para se chegar a uma conclusão, ainda persistem, sem contudo, desvendá-lo. Talvez porque se trata de um conceito multifacetado favorecendo ambiguidades e contradições. No máximo, podemos dizer que poder é um fenômeno social complexo.
Retratado como expressão da natureza humana, como capacidade de realização de desejos e sonhos, como força que leva ao alcance de ideais, como provocador de emoções e com uma natureza individual e privada, o poder seria a força do desejo (ZANELLI; ANDRADE & BASTOS, 2004).
Considerado como uma força que impulsiona o homem a seguir o caminho da vida, que desenvolve a capacidade de suportar o desânimo e as frustrações que cria defesas que o protegem contra a indiferença e dureza de outros homens, o poder seria segurança.
Salientado como fenômeno típico de grupos e sociedades, como força nascida da consciência social, da necessidade de busca de coesão e agregação de grupos que visam ao bem comum, o poder seria relação.
Percebido como a única forma de inviabializar a entropia da espécie humana, qualquer que seja o nível de complexidade da vida social, o poder seria sobrevivência.
Caracterizado como fenômeno mobilizador das instituições sociais e como força diretora da sociedade, o poder seria política.
Em uma abordagem de psicologia social, o trabalho de Apfelbaum (1979) que analisa o poder entre grupos dominantes e subordinados salientando esse aspecto negativo do poder é um exemplo de como tantos outros autores enfocam o fenômeno. Para a autora, primeiramente o grupo dominante cria um padrão mítico, uma expressão de homogeneidade social do grupo que satisfaz a todos, inclusive aos subordinados. Os papéis universais criados passam a ser aplicáveis igualmente a ambos os grupos, de dominantes e subordinados. Na relação de fato, no entanto, a idéia de "um pouco para todos" é apoiada por uma série de mecanismos sociais e institucionais que estão à disposição apenas do grupo dominante.
E esses mecanismos são especialmente eficientes para o grupo dominante, não somente no sentido de protegê-los, mas também para controlar as atividades do grupo de subordinados.